segunda-feira, 13 de abril de 2015

Interessante: benefícios do óleo de copaíba

Thaiza Murray
 
Dizem por aí que o óleo de copaíba cura reumatismo, artrose, dor na coluna, bronquite, dor na garganta, vermes, dermatose, caspa, frieiras, úlcera, feridas, sífilis, doenças venéreas, herpes... essas e mais outras doenças. Contudo, não há mito na maioria das coisas que o povo diz sobre o poder curativo do bálsamo da copaíba.

A árvore é comumente encontrada na Amazônia, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná. Ela também é nativa da América Latina e África Ocidental. Sua copa é globosa e densa e pode atingir de 10 a 15 metros de altura. O óleo é extraído de furos no tronco da árvore até chegar ao cerne, ou seja, o mais profundo do tronco. Possui uma cor amarelada e um sabor amargo. Seu uso normalmente é para fins medicinais como antibiótico, antiinflamatório e, até, anticancerígeno (ainda em estudo).

No Peru, o óleo é utilizado no tratamento de sífilis, catarros e dificuldades em urinar. Aqui no Brasil, o óleo é usado para muitos tratamentos, como: caspa, problemas de pele, herpes labial, espinhas, úlcera estomacal, bronquite, dor de garganta, vermes, psoríase (erupção na pele). É também usado como anticoncepcional. O óleo de copaíba possui propriedades diuréticas, expectorante, laxante, anti-séptico do aparelho urinário, desinfetante, estimulante e cicatrizante. E impede o crescimento do Trypanosoma cruzi e protozoários. A química Vera Casmon afirma que a copaíba é eficaz em quase todos os tratamentos de inflamações e infecções, “O óleo de copaíba é uma verdadeira farmácia natural”, diz.

Além do uso medicinal, ele pode ser utilizado como combustível substituindo o óleo diesel nas lamparinas. Na indústria, pode ser usado na fabricação de vernizes, perfumes e para revelar fotos. A madeira da árvore de copaíba é útil na construção civil, na fabricação de vigas, caibros, ripas, batentes de portas e janelas, miolos de portas, tábuas para assoalho e, até, para fazer vassouras.

O mineiro Ailton Lopes, 62, havia anos que sofria de dores na coluna; não podendo trabalhar, ficou desempregado. Um dia foi visitar uma sobrinha em Águas Lindas-GO e ouviu um carro de som passando na rua anunciando “um tal óleo”, que parecia ser a solução de suas dores. Comprou o óleo de copaíba e percebeu que após seis meses de uso, suas dores haviam diminuído. Satisfeito com os efeitos curativos do produto, teve a idéia de vendê-lo para que outras pessoas pudessem experimentar do mesmo remédio natural. Acabou que Ailton resolveu as dores na coluna e o problema com o desemprego. “Passei a vender o óleo e a pomada de copaíba, pois observei que funciona mesmo. Eu usei para dor que eu tinha e curou”, afirma. Ailton comercializa os produtos da copaíba na feira livre, das quintas, na QND, em Taguatinga.

O nome copaíba é originário do tupi-guarani “cupa-yba”, que significa árvore de depósito, também conhecida como copaibeira, do guarani, e pau d’óleo. Os índios utilizavam no umbigo dos recém-nascidos como cicatrizante e para curar feridas. Mais tarde, os colonos passaram a usar o óleo de copaíba como anti-séptico e no tratamento de bronquite. Hoje, cientistas estudam a aplicação do óleo como antiinflamatório e anticancerígeno.

Há um projeto de autoria de uma equipe multidisciplinar que envolve pesquisadores de três instituições: Dra. Maria das Graças Muller, do Laboratório de Farmacologia Aplicada, da Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz – Farmanguinhos), no Rio de Janeiro; a Dra. Mônica Freiman de Souza, da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e o Dr. Osvaldo de Freitas, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP-USP). O trabalho com óleo de copaíba na Fiocruz é desenvolvido desde 2001.

Segundo a pesquisadora titular em saúde, a Dra. Wanise Barroso, que faz parte do Núcleo de Inovação Tecnológica da Farmanguinhos – Fiocruz, no Rio de Janeiro, a pesquisa desenvolve uma formulação farmacêutica. Os estudos trouxeram a comprovação da atividade antiinflamatória do óleo de copaíba e o desenvolvimento de uma formulação sólida contendo a fração volátil. “Esse tipo de atividade já havia sido descrita na literatura e conhecida na medicina popular, o que ainda não estava registrado era toda a identificação química do óleo de copaíba e sua viabilização como insumo farmacêutico, por isso a importância da proteção patentária”, explica o professor doutor Osvaldo Freitas.

Todo sistema de extração do óleo de copaíba está regulamentado, o que possibilita sua pesquisa e seu uso como produto final. Na medicina popular são descritas inúmeras atividades, contudo, essa equipe estudou e comprovou, por enquanto, a ação antiinflamatória do óleo de copaíba. Existem estudos, ainda não evidenciados, sobre o poder do óleo contra o câncer, como também sobre a fabricação de um creme vaginal destinado a combater os vírus do HPV (Papiloma Vírus), um dos causadores do câncer no colo do útero, problema que atinge cerca de 30% das mulheres no Brasil. Cientistas ainda estudam a reação do vírus em contato com a copaíba, porém acreditam que o óleo poderá ajudar a aumentar o sistema imunológico.

Muitas são as doenças para as quais os pesquisadores buscam tratamentos e recuperações; muitas são as variedades de plantas que curam no Brasil e muitas são as esperanças das pessoas nesses estudos. Espera-se que o óleo de copaíba, assim como outras plantas, venha trazer benefícios e expectativas que se tornem realidade para todos os brasileiros.
 

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