terça-feira, 23 de abril de 2013

Os botões da blusa



Por Ernaldina Sousa Silva Rodrigues

Um casal de namorados caminha displicentemente pela rua de uma cidade conhecida por Buritis. De repente, ela se sente atraída pelo olhar de alguém. Percebe um rapaz em um grupo ali perto olhando para os dois. À medida que o casal se aproxima, nota mais pessoas no grupo que se encontra parado no início de uma calçada paralela à rua ao lado de um carro. Os olhares se multiplicam. O grupo observa o casal. Ela, então, vê uma figura muito conhecida no grupo. Neste momento, bem mais próximo do grupo, aquela figura de destaque chama o nome dela e dele. A partir daquele momento, ela se concentra somente nas pessoas do grupo, não dando conta da conversa que flui no mesmo instante, entre ele e aquela figura que representava o próprio poder numa outra cidade vizinha conhecida por Vazante. Ela cumprimenta um a um dos presentes e não nota outras figuras dentro do carro ali parado. O casal, então, despede-se do grupo e continua sua caminhada pela calçada rumo ao evento que acontece logo à frente. Quando já estava um pouco mais afastado, o casal explode no riso. O olho do poder estava por toda a parte. Aliás, eles encontraram o próprio poder. Depois, foram para a fila, mas o pensamento dos dois estava no que tinha acabado de acontecer. Ela ria o tempo todo e só depois é que se deu conta da situação. Entraram e saíram imediatamente do local onde acontecia o evento. Tinha muita gente, muito barulho. Os dois precisavam conversar sobre o acontecido. Eles sentaram, então, num local de pouco movimento e foram conversar. Conversaram muito sobre a figura que representava o poder e... Ela ouvia tudo e pensava como as coisas tinham caminhado até ali. Ah! Noite fria. Foram embora daquela cidade. Assim que chegaram à cidade de Vazante, foram para a casa dele, fizeram café e conversaram. Ele falou sobre os sonhos que tinha. Nos sonhos ele se via no passado, num barco bem real. O passado envolvendo o presente. A realidade envolvendo o passado. Depois de quase esgotada aquela conversa e as emoções vividas naquele dia, foram dormir. A vontade de juntar os corpos para saciar o desejo de amar se fez mais forte. Muito frio lá fora.  Roupas espalhadas. Os dois foram para cama e o desejo falou mais forte. “Os botões da blusa que você usava [..] Nos lençóis macios, amantes se dão, travesseiros soltos, roupas pelo chão, braços que se abraçam, bocas que murmuram”. Na manhã seguinte, acordaram bem mais tarde, rindo da situação.

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