Thaiza Murray
Dizem por aí que o óleo de copaíba cura
reumatismo, artrose, dor na coluna, bronquite, dor na garganta, vermes,
dermatose, caspa, frieiras, úlcera, feridas, sífilis, doenças venéreas,
herpes... essas e mais outras doenças. Contudo, não há mito na maioria
das coisas que o povo diz sobre o poder curativo do bálsamo da copaíba.
A
árvore é comumente encontrada na Amazônia, Minas Gerais, Goiás, Mato
Grosso do Sul, São Paulo e Paraná. Ela também é nativa da América Latina
e África Ocidental. Sua copa é globosa e densa e pode atingir de 10 a
15 metros de altura. O óleo é extraído de furos no tronco da árvore até
chegar ao cerne, ou seja, o mais profundo do tronco. Possui uma cor
amarelada e um sabor amargo. Seu uso normalmente é para fins medicinais
como antibiótico, antiinflamatório e, até, anticancerígeno (ainda em
estudo).
No Peru, o óleo é utilizado no tratamento de sífilis,
catarros e dificuldades em urinar. Aqui no Brasil, o óleo é usado para
muitos tratamentos, como: caspa, problemas de pele, herpes labial,
espinhas, úlcera estomacal, bronquite, dor de garganta, vermes, psoríase
(erupção na pele). É também usado como anticoncepcional. O óleo de
copaíba possui propriedades diuréticas, expectorante, laxante,
anti-séptico do aparelho urinário, desinfetante, estimulante e
cicatrizante. E impede o crescimento do Trypanosoma cruzi e
protozoários. A química Vera Casmon afirma que a copaíba é eficaz em
quase todos os tratamentos de inflamações e infecções, “O óleo de
copaíba é uma verdadeira farmácia natural”, diz.
Além do uso
medicinal, ele pode ser utilizado como combustível substituindo o óleo
diesel nas lamparinas. Na indústria, pode ser usado na fabricação de
vernizes, perfumes e para revelar fotos. A madeira da árvore de copaíba é
útil na construção civil, na fabricação de vigas, caibros, ripas,
batentes de portas e janelas, miolos de portas, tábuas para assoalho e,
até, para fazer vassouras.
O mineiro Ailton Lopes, 62, havia anos
que sofria de dores na coluna; não podendo trabalhar, ficou
desempregado. Um dia foi visitar uma sobrinha em Águas Lindas-GO e ouviu
um carro de som passando na rua anunciando “um tal óleo”, que parecia
ser a solução de suas dores. Comprou o óleo de copaíba e percebeu que
após seis meses de uso, suas dores haviam diminuído. Satisfeito com os
efeitos curativos do produto, teve a idéia de vendê-lo para que outras
pessoas pudessem experimentar do mesmo remédio natural. Acabou que
Ailton resolveu as dores na coluna e o problema com o desemprego.
“Passei a vender o óleo e a pomada de copaíba, pois observei que
funciona mesmo. Eu usei para dor que eu tinha e curou”, afirma. Ailton
comercializa os produtos da copaíba na feira livre, das quintas, na QND,
em Taguatinga.
O nome copaíba é originário do tupi-guarani
“cupa-yba”, que significa árvore de depósito, também conhecida como
copaibeira, do guarani, e pau d’óleo. Os índios utilizavam no umbigo dos
recém-nascidos como cicatrizante e para curar feridas. Mais tarde, os
colonos passaram a usar o óleo de copaíba como anti-séptico e no
tratamento de bronquite. Hoje, cientistas estudam a aplicação do óleo
como antiinflamatório e anticancerígeno.
Há um projeto de autoria
de uma equipe multidisciplinar que envolve pesquisadores de três
instituições: Dra. Maria das Graças Muller, do Laboratório de
Farmacologia Aplicada, da Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz –
Farmanguinhos), no Rio de Janeiro; a Dra. Mônica Freiman de Souza, da
Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e o Dr.
Osvaldo de Freitas, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão
Preto (FCFRP-USP). O trabalho com óleo de copaíba na Fiocruz é
desenvolvido desde 2001.
Segundo a pesquisadora titular em saúde,
a Dra. Wanise Barroso, que faz parte do Núcleo de Inovação Tecnológica
da Farmanguinhos – Fiocruz, no Rio de Janeiro, a pesquisa desenvolve uma
formulação farmacêutica. Os estudos trouxeram a comprovação da
atividade antiinflamatória do óleo de copaíba e o desenvolvimento de uma
formulação sólida contendo a fração volátil. “Esse tipo de atividade já
havia sido descrita na literatura e conhecida na medicina popular, o
que ainda não estava registrado era toda a identificação química do óleo
de copaíba e sua viabilização como insumo farmacêutico, por isso a
importância da proteção patentária”, explica o professor doutor Osvaldo
Freitas.
Todo sistema de extração do óleo de copaíba está
regulamentado, o que possibilita sua pesquisa e seu uso como produto
final. Na medicina popular são descritas inúmeras atividades, contudo,
essa equipe estudou e comprovou, por enquanto, a ação antiinflamatória
do óleo de copaíba. Existem estudos, ainda não evidenciados, sobre o
poder do óleo contra o câncer, como também sobre a fabricação de um
creme vaginal destinado a combater os vírus do HPV (Papiloma Vírus), um
dos causadores do câncer no colo do útero, problema que atinge cerca de
30% das mulheres no Brasil. Cientistas ainda estudam a reação do vírus
em contato com a copaíba, porém acreditam que o óleo poderá ajudar a
aumentar o sistema imunológico.
Muitas são as doenças para as
quais os pesquisadores buscam tratamentos e recuperações; muitas são as
variedades de plantas que curam no Brasil e muitas são as esperanças das
pessoas nesses estudos. Espera-se que o óleo de copaíba, assim como
outras plantas, venha trazer benefícios e expectativas que se tornem
realidade para todos os brasileiros.