Por Ernaldina Sousa Silva Rodrigues
Pierre Bourdieu: nascido numa família campesina, em 1951
ingressou na Faculdade de Letras, em Paris, na Escola Normal Superior.
Em 1954
graduou-se em Filosofia,
assumindo a função de professor em Moulins. Após prestar
serviço militar na Argélia,
assumiu, em 1958
o cargo de professor assistente na Faculdade de Letras em Argel,
quando iniciou sua pesquisa acerca da sociedade cabila. Em 1960
tornou-se assistente de Raymond Aron, na Faculdade
de Letras de Paris e principiou seus estudos acerca do celibato
na região de Béarn. Ainda em 1960
integrou-se ao Centro de Sociologia Europeia,
do qual tornou-se secretário geral em 1962.[1]
Desenvolveu ao longo das décadas de 60 a 80 farta obra, contribuindo significativamente para a formação do pensamento sociológico do século XX. Na décadas de 70 estendeu sua atividade docente a importantes instituições estrangeiras, como as universidades de Harvard e Chicago e o Instituto Max Planck de Berlim. Em 1982 ministrou sua aula inaugural ( Lições de Aula) no Collège de France (instituição que três anos mais tarde se associa ao Centro de Sociologia Européia), propondo uma "Sociologia da Sociologia", constituída de um olhar crítico sobre a formação do sociólogo como censor e detentor de um discurso de verdade sobre o mundo social. Neste sentindo, esta aula inaugural encontra-se com a ministrada por Barthes (A aula) e Foucault (A Ordem do Discurso), privilegiando a discussão acerca do saber acadêmico. É consagrado Doutor 'honoris causa' das universidades Livre de Berlim (1989), Johann-Wolfgang-Goethe de Frankfurt (1996) e Atenas (1996). Morreu em Paris, em 23 de janeiro de 2002, depois de finalizar um curso acerca de sua própria produção acadêmica, que serviu de fundamento ao seu último livro, Esboço de auto-análise.[2]
Desenvolveu ao longo das décadas de 60 a 80 farta obra, contribuindo significativamente para a formação do pensamento sociológico do século XX. Na décadas de 70 estendeu sua atividade docente a importantes instituições estrangeiras, como as universidades de Harvard e Chicago e o Instituto Max Planck de Berlim. Em 1982 ministrou sua aula inaugural ( Lições de Aula) no Collège de France (instituição que três anos mais tarde se associa ao Centro de Sociologia Européia), propondo uma "Sociologia da Sociologia", constituída de um olhar crítico sobre a formação do sociólogo como censor e detentor de um discurso de verdade sobre o mundo social. Neste sentindo, esta aula inaugural encontra-se com a ministrada por Barthes (A aula) e Foucault (A Ordem do Discurso), privilegiando a discussão acerca do saber acadêmico. É consagrado Doutor 'honoris causa' das universidades Livre de Berlim (1989), Johann-Wolfgang-Goethe de Frankfurt (1996) e Atenas (1996). Morreu em Paris, em 23 de janeiro de 2002, depois de finalizar um curso acerca de sua própria produção acadêmica, que serviu de fundamento ao seu último livro, Esboço de auto-análise.[2]
Na
agenda teórica proposta à Teoria Sociológica contemporânea, alguns elementos
merecem destaque: a releitura dos clássicos, a construção de conceitos e a
postura crítica do intelectual diante de uma tomada de posicionamento político,
elementos estes amalgamados em sua discussão sociológica. Ao compor, por
exemplo a ideia de campo, Bourdieu dialoga com a ideia de esferas, proposta por
Max Weber
e, ainda, com o conceito de classe social de Marx.[3]
Os textos A
Escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à cultura e Os
excluídos do interior fazem parte do livro Escritos de Educação de Pierre Bourdieu.
O primeiro capítulo, escrito por Bourdieu, trata
do sistema escolar como fator de conservação social que legitima as
desigualdades sociais e sanciona a herança cultural e o dom social tratado como
dom natural. O autor descreve os mecanismos objetivos que determinam a
eliminação contínua dos menos favorecidos diante da escola. Afirma que:
[...]cada família transmite a seus filhos, mais por vias indiretas, um certo capital cultural e um certo ethos sistema de valores implícitos e profundamente interiorizados, que contribui para definir, entre coisas, as atitudes face ao capital cultural e à instituição escolar. (BOURDIEU, 1998, p. 41-42).
Bourdieu mostra a influência do capital cultural
familiar, por meio de um conjunto de variáveis, no êxito escolar da criança em
diversos níveis de ensino. Afirma, baseado em investigações, que as famílias
não desejam o impossível. Os desejos são definidos pelas aspirações e exigências
das condições objetivas, tudo é
determinado pelo destino. A necessidade não
é exteriorizada, é interiorizada,
implícita, limitada. (Ibid., p. 47).
As mesmas condições que definem as atitudes dos pais dominam as escolhas importantes da carreira escolar, regem também a atitude das crianças diante dessas mesmas escolhas e, consequentemente, toda sua atitude em relação à escola. (Ibid., p. 47-48).
Qual é, então, a responsabilidade da escola na perpetuação das desigualdades sociais? A escola protege melhor os privilégios do que a transmissão aberta dos privilégios. (Ibid., p.53). Assim, o autor explica como a escola trata os educandos em seus direitos e deveres, como acontece o seu funcionamento e a sua função de conservadora social.
Bourdieu explicita a ação da escola e a prática cultural, questionando as técnicas de ação cultural direta e os empreendimentos de educação popular na perpetuação das desigualdades de acesso frente à escola e aos bens culturais.
O segundo texto, Os excluídos do interior, escrito por Pierre Bourdieu e Patrick Champagne, trata do mal-estar nos liceus parisienses. Os autores discorrem sobre as dificuldades e ansiedades sentidas pelos alunos das famílias culturalmente desfavorecidas frente à instituição escolar.
Os textos analisam sociologicamente o caráter reprodutor, dualista e classista da educação. Fazem-nos refletir sobre a função social da escola hoje. Como as desigualdades são reproduzidas no interior da escola? Quem são os excluídos? Quais são os mecanismos objetivos que determinam e contribuem para a eliminação dos menos favorecidos? O desejo dos pais e descendentes tem realmente influência no êxito escolar? Será realmente que as famílias menos favorecidas cultural e socialmente não desejam o impossível, não sonham, não têm utopia? O sistema escolar é realmente um fator de conservação social?
Os textos nos fazem refletir sobre todas essas questões, sobre a nossa prática como professor e sobre a nossa participação direta ou indireta na manutenção ou transformação da realidade exposta pelos autores e dirige a nossa atenção para os desafios postos em nosso caminho.
Referência:
BOURDIEU, P. Escritos de Educação. M. Alice Nogueira e Afranio Catani (Orgs.). Petrópolis: Vozes, 1998, caps. II e XI.
[2] Ibid., acesso em 25 jun.
2007.
[3] Ibid., acesso em 25 jun.
2007.
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