terça-feira, 25 de junho de 2013

A Social-Democracia: apontamentos de leitura



Por Ernaldina Sousa Silva Rodrigues

A introdução e o texto A Social-Democracia como um fenômeno histórico fazem parte do livro Capitalismo e Social-Democracia de Adam Przeworski, cientista político polonês radicado nos EUA[1] . 

O autor apresenta uma análise histórica do socialismo na sociedade capitalista. Nas linhas que seguem, após a introdução de algumas considerações gerais sobre a social-democracia e a apresentação do livro, o autor trata da decisão de participação eleitoral dos socialistas nas eleições do século XIX, visando a conquista do poder político.

O Cientista trata do capitalismo democrático e da participação política, definindo o que entende por capitalismo e explicando de forma sucinta o funcionamento do sistema capitalista de organização social da produção e troca. Aponta a democracia política participativa como oportunidade dos trabalhadores defenderem alguns de seus interesses e reivindicarem seus direitos.

Aborda a participação eleitoral e a organização de classe, discutindo se o envolvimento dos socialistas na política eleitoral poderia resultar no socialismo ou reforçaria a ordem social existente, isto é, capitalista.

Przeworski relata analiticamente a participação dos socialistas na política burguesa por meio do sufrágio universal e o progresso eleitoral dos partidos políticos em alguns países. Trata a relação da Social-Democracia com a classe operária, confrontando a autonomia e a emancipação política dos operários e a ideologia da burguesia da época em personificar o universalismo.

O dilema eleitoral exposto pelo autor analisa a oscilação dos social-democratas entre a ênfase na classe operária e a procura de aliados para fazer das eleições um instrumento de transformação socialista.

Num outro momento, o autor trata da reforma e revolução, expondo os objetivos a serem atingidos pelos socialistas com o exercício do poder político e a revolução social pelo operariado, por meio das reformas.

Numa exposição dos projetos econômicos e das realidades políticas, o autor analisa os efeitos da propriedade privada dos meios de produção na sociedade, expõe o método de socialização ou nacionalização de produção como meta dos socialistas após a conquista do poder e a realidade política dos social-democratas quando estiveram no poder em determinados países.

Os socialistas abandonam o projeto de nacionalização em favor do bem-estar geral. O autor explica o funcionamento do Estado na Economia e as razões pelas quais os social-democratas abandonaram o movimento de reforma.

Assim, o autor expõe analiticamente o processo de participação dos socialistas nas eleições, desde a decisão de participar até a consecução e o abandono do projeto de nacionalizar os meios de produção em prol do bem-estar geral.

Mas, o que determina a prática dos movimentos políticos? Os movimentos políticos são livres para agir conforme sua vontade? Que condições procuram transformar? Como se desenvolveu o movimento pelo socialismo na sociedade capitalista no século XIX? Que escolhas os social-democratas tiveram que fazer e enfrentar?

Essas questões são tratadas de forma clara e objetiva no texto, proporcionando uma visão panorâmica da busca pelo ideal socialista por meio da classe trabalhadora. O ideal socialista constitui-se pela completa abolição do capitalismo. Utopia? Todos somos dependentes do capital financeiro. A revolução hoje está nos meios de comunicação e informação. Penso que na sociedade sempre vão existir os detentores dos instrumentos de produção e os produtores desses instrumentos.

A leitura do texto proporcionou-me conhecer a participação eleitoral, a relação entre o movimento socialista e a classe trabalhadora e a estratégia de transformação dos socialistas na sociedade capitalista do século XIX e início do século XX, ajudando-me a entender as condições que determinam as práticas dos movimentos políticos. 

Referência:

PRZEWORSKI, Adam. Introdução e A Social-Democracia como fenômeno histórico. In: ________. Capitalismo e social-democracia. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 13-65.

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