Por Ernaldina Sousa
Silva Rodrigues
O
texto, Sinais – raízes de um paradigma
indiciário, faz parte do livro Mitos,
emblemas, sinais – morfologia e história, escrito por Carlo Ginzburg,
historiador italiano.
O
autor tenta mostrar o surgimento de um modelo epistemológico que surgiu no
século XIX e explicita que a análise
desse paradigma, amplamente operante de fato, ainda que não teorizado
explicitamente, talvez possa ajudar a sair dos incômodos da contraposição entre
“racionalismo” e “irracionalismo”. (GINZBURG, 1989, p.143).
No
primeiro momento, o autor faz uma analogia entre os métodos de Morelli, Holmes
e Freud e descreve as pistas que permitem captar a realidade de outra forma.
Atribui pistas nos casos de Freud, indícios no caso de Sherlock Holmes e signos no caso de Morelli. A proposta
nesses casos é de outra forma de interpretar a realidade. O método está
centrado em detalhes pouco explorados. A relação posta entre os diversos
saberes indiciários e a semiótica médica.
Ginzburg
relata que Aprendeu a farejar, registrar,
interpretar e classificar pistas infinitesimais como fios de barba. Aprendeu a
fazer operações mentais complexas com rapidez fulminante, no interior de um
denso bosque ou numa clareira cheia de ciladas (p.151). O autor faz um
passeio pela história para nos falar que as origens desse paradigma remonta a
história e que o homem se utiliza desse saber indiciário com uma sabedoria
invejável.
Em
outro momento, Ginzburg faz analogias entre o paradigma venatório e o paradigma
implícito nos textos divinatórios mesopotâmicos. Os dois casos pressupõem a
captação da realidade por meio de detalhes ínfimos.
O
autor descreve e analisa os diversos paradigmas indiciários e seus sinônimos:
venatório, divinatório, semiótico e vai tecendo cada um conforme os contextos,
de modo a formar um tapete. Inclui-se
nesse contexto o aparecimento das diversas disciplinas no modelo
epistemológico.
O autor questiona: Mas, pode um paradigma indiciário ser
rigoroso?(p.178) .Pondera, porém, que as regras usadas
nesse tipo de saber não se prestam a ser
formalizadas nem ditas. Trata-se de formas de saber tendencialmente mudas
(p.179). Nesse tipo de saber, explica o autor, entram em jogo elementos imponderáveis: faro, golpe de vista, intuição.
Então, no saber indiciário, o rigor é flexível e intuitivo.
O
saber indiciário pode ser usado, nesse sentido, para pesquisas levando-se em
contas as “pegadas”, os “sinais” para tentar decifrar a realidade. Conforme o
autor se a realidade é opaca, existem
zonas privilegiadas – sinais, indícios – que permitem decifrá-la.
Aos
olhos da academia, com seu rigor inflexível, metódico e científico, o paradigma
indiciário é inatingível e indesejável.
Não é racional; é irracional.
O
texto de Carlo Ginzburg nos ensina a olhar e a investigar de outra forma, muito
interessante. Siga as pegadas, sinta, perceba...é a intuição. O texto realmente
nos faz mergulhar, ver o foco e tentar enxergar os sinais. Qual é realmente o
seu foco? Veja os sinais. Poderíamos definir o saber indiciário como um
pressentimento? Podemos realmente usar esse modelo epistemológico em nossas
pesquisas? Pensar que tudo começou com uma
série de artigos sobre a pintura italiana...(p.143). São as raízes de um
paradigma indiciário.
Referência:
GINZBURG,
C. Sinais – raízes de um paradigma indiciário. In: Ginzburg, C. Mitos, emblemas, sinais. São Paulo:
Companhia das Letras, 1989, p. 143-179, 260-275.
micro cirúrgico,mas precisa!!! muito bom...
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