Por Ernaldina Sousa Silva Rodrigues
Segundo o
dicionário Aurélio,
exógeno é “originado no exterior do organismo, ou por fatores externos”. Para Caldas
(1997 apud Bergue, 2010) é a “[...]
nossa fixação com o que vem de fora, do outro.”: o distanciamento de “nós
mesmos”. No cotidiano do brasileiro
comum, das empresas e também da Administração Pública a exogenia pode ser definida como a
influência estrangeira na produção
intelectual (na formação profissional, inclusive de agentes públicos) e nos elementos culturais que moldam as
práticas gerenciais vigentes, com acentuada ênfase no campo da gestão. Esta influência é interpretada de forma
elástica, ou seja, para todo conhecimento que advém de “fora” das fronteiras
organizacionais.
Nesse
sentido, a exogenia se dá por meio da importação da cultura estrangeira,
da importação do conhecimento gerencial: inspiração teórica e temáticas
orientadoras dos estudos envolvendo o fenômeno da produção do conhecimento e,
em particular, a transferência de conceitos e tecnologia gerenciais, a
acentuada inspiração e dependência das fontes estrangeiras (autores de
referência), o diferimento das publicações que contemplam o conteúdo importado
(atraso no tempo), e o reduzido grau de originalidade. Sendo assim, podemos
então dizer que na realidade o que
ocorre é uma aculturação? É o contato de uma cultura com a outra e a
sobreposição de uma cultura sobre a outra?
Essa importação
influenciou importantes transformações na Administração Pública e privada
brasileira, especialmente a partir da década de 1930 com a instituição do
Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP).
A
exogenia gera a adoção ou a adaptação ao que vem de fora, provocando o
distanciamento de nós mesmos e a submissão ao conteúdo estrangeiro. A submissão
ao conteúdo estrangeiro gerou reflexos nos valores que tanto preponderam na
formação em gestão contemporânea quanto legitimam os pressupostos fundamentais
da Administração Pública gerencial. A adoção de tecnologia ou valores
estrangeiros de forma acrítica muitas vezes também mostrou que não sabemos até
que ponto importamos ou apenas fazemos de conta.
Referência:
BERGUE,
Sandro Trescastro. Cultura e mudança
organizacional / Sandro Trescastro Bergue. – Florianópolis : Departamento
de Ciências da Administração / UFSC; [Brasília] : CAPES : UAB, 2010.
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