Os blocos da construção das estruturas morais de uma pessoa são qualidades, atitudes, competências e habilidades, bem como o conhecimento e a compreensão de conceitos morais essenciais. A tarefa básica da educação moral é analisar essas virtudes e, em seguida, elaborar padrões de ação e atividades educacionais específicas que promovam seu desenvolvimento em cada fase de crescimento desde a mais tenra infância. Os autores gostariam de propor que as virtudes, ao invés de serem analisadas individualmente, sejam analisadas em grupos correlacionados, organizados em torno de capacidades morais.
O termo “capacidades”, como usado aqui, denota uma capacidade desenvolvida para realizar ações intencionalmente em um campo bem definido de atuação. No campo da agricultura, por exemplo, a capacidade de produzir uma determinada safra ano após ano exige que o agricultor entenda conceitos fundamentais de agricultura, possua competências e habilidades que constituem boas práticas agrícolas e tenha uma atitude positiva em relação à ciência e inovação. Da mesma forma, a capacidade moral resulta da interação de certas qualidades relacionadas, habilidades, atitudes e conhecimentos que permitem a uma pessoa fazer escolhas morais. Ao concentrar a atenção no desenvolvimento das capacidades morais – no que as pessoas devem ser capazes de fazer a fim de atingir o duplo objectivo de transformação pessoal e social -, espera-se que a tendência de se reduzir a educação moral a sermões sobre virtudes e bom comportamento seja aqui evitada.
Uma capacidade moral indispensável para a construção de uma civilização do mundo é a de construir a unidade. Em uma época em que o conflito se tornou um modo aceitável de operação, ser um construtor de unidade requer muito mais do que uma personalidade gentil e agradável. Exige, entre outras coisas, um esforço constante para combater o preconceito com integridade inflexível, sensibilidade e compaixão. Invoca a capacidade de identificar aspectos comuns, por mais tênues, e construir sobre eles. Requer a habilidade de ajudar as pessoas a deixar de lado as divergências menores, a fim de alcançar a unidade dentro de contextos cada vez maiores.
Dentre as capacidades necessárias para reformar e manter as relações essenciais referidas no ponto anterior estão contribuir para o desenvolvimento de uma família unida e amorosa como criança, como cônjuge e como pai; transcender e corrigir as relações de dominação; e, interagir de forma harmoniosa com a natureza, preservando-a e fazendo uso racional de seus recursos. Outras capacidades morais que merecem atenção especial incluem lidar com os demais de acordo com as exigências da retidão inabalável; avaliar oportunidades e selecionar meios para explorá-las com uma visão livre do auto-interesse, o qual encobre a verdade; sustentar e defender as vítimas da opressão; oferecer consolo ao estranho e ao que sofre; e, trazer alegria aos tristes e enlutados.
Uma enumeração de todas as capacidades morais que um processo de educação moral precisa analisar estaria além do escopo deste artigo. …
(Livre tradução)
“Exploring a Framework for Moral Education”, Lori McLaughlin Noguchi, Holly Hanson & Paul Lample; Palabra Publications, 1992.
Fonte: http://daquiprafrente.com/2014/08/capacidades-morais-l-m-noguchi-h-hanson-p-lample/
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