Ernaldina Sousa Silva Rodrigues
Em sua obra Prefácio à “Contribuição à Crítica da Economia Política”, Karl Marx (1818-1883) faz um estudo
das condições econômicas de existência, examinando o sistema da economia
burguesa do século XIX.
Para Marx, a sociedade burguesa divide-se em
três classes, a saber: Primeira: Capital, Propriedade e Trabalho assalariado;
Segunda: Estado e Comércio exterior; Terceira: Mercado Mundial. Explica que o
texto foi escrito à luz dos Capítulos 1, a mercadoria, e 2, a moeda ou a
circulação que compõem o título Capital. Ressalta que mantém cadernos com notas
de estudo que desenvolveu para seu próprio esclarecimento.
Nesse preâmbulo, Marx nos aponta caminhos
para a pesquisa por meio da realidade que nos cerca, delimitando o objeto de
estudo: naquela época, o sistema da economia burguesa. Paralelo ao escrito
propriamente dito sobre a realidade, indica a necessidade de um caderno de
notas pessoal para o esclarecimento de fatos ligados ao estudo.
Esclarece o motivo pelo qual suprimiu a
introdução geral de sua tese, visando não antecipar os resultados.
Discorre sobre sua área de atuação, a
jurisprudência, e da situação em que se encontrava quando foi obrigado a
analisar os crimes florestais e o parcelamento da propriedade fundiária entre o
Estado e os camponeses do Mosela. Com isso, passa a se ocupar das questões
econômicas. Confessa que quando ouviu rumores sobre o socialismo e o comunismo
na França não tinha subsídios ou estudos suficientes para ajuizar sobre as
tendências francesas.
Outro apontamento de Marx: não fazer juízo
antecipado do que não se conhece ou não tem certeza. Há necessidade de estudar
a realidade e fundamentá-la.
Fora da Gazeta Renana, onde trabalhava, Marx
empreendeu estudos para elucidar suas dúvidas e para tanto realizou uma revisão
crítica da Filosofia de Hegel, concluindo que: a sociedade burguesa,
capitalista, tem suas raízes nas condições materiais de vida e não na religião;
a estrutura e forma da sociedade burguesa devem ser procuradas na Economia
Política; na produção social da própria vida os homens contraem relações de
produção necessárias e independentes de sua vontade; as relações de produção
correspondem ao desenvolvimento de suas forças produtivas e formam a estrutura
econômica, o todo, da sociedade; o modo de produção de vida material condiciona
o processo de vida social, política e intelectual; é o ser social que determina
a consciência dos homens; em sua etapa de desenvolvimento, as forças produtivas
materiais entram em contradição com as relações de produção de vida; sendo
assim, as relações se transformam em entraves e gera-se a revolução social; com
a transformação da base econômica, infraestrutura, a superestrutura ou o nível
político-ideológico também se transforma, ou seja, os homens tomam consciência
das contradições da vida material.
Nessa Obra, Marx traça a sua trajetória
intelectual, sintetizando os conceitos para a compreensão da Economia Política.
Ressalta, nessa trajetória, a importância de se ter um foco para a pesquisa. Usa
o método positivista, baseado na observação e na descrição dos fatos que o
cerca, para formular o materialismo histórico.
Marx faz uma revisão crítica do estado atual
do conhecimento na sua área de interesse: a Filosofia do Direito, de Hegel.
Familiariza-se com o conhecimento de sua área de pesquisa, delimita-o, passa a
observá-lo, a descrevê-lo e analisá-lo.
Assim, indica a contribuição de seu estudo para entendimento e esclarecimento
da realidade que o cerca.
Além de chamar a atenção do leitor para a
teoria e o processo de revolução da sociedade, Marx nos convida a fazer
pesquisa.
Referência:
MARX, K. Teoria e processo histórico da
revolução social (prefácio à contribuição à crítica da Economia Política). In: Fernandes, F. (org.). Marx e Engels. São Paulo: Editora
Ática, 1989, p. 231-235.
Publicado em ernaldina.xpg.uol.com.br/marx-nos-convida-a-fazer-pesquisa-apontamentos-de-leitura.html. em 08/03/2012.
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