Por Ernaldina Sousa Silva Rodrigues
Roseli Pacheco Schnetzler é professora do Programa
de Pós-graduação em Educação da Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP e
Dalva E. Gonçalves Rosa é professora da Faculdade de Educação da Universidade
Federal de Goiás – UFG.
O texto apresenta o resultado de uma análise feita
pelas autoras nos textos produzidos por um grupo de 12 formadores de
professores, de diferentes áreas do conhecimento, integrantes da Disciplina
Necessidades Formativas de Professores, do Programa de Pós-graduação em Educação,
que abordou a temática do professor reflexivo.
As autoras partem da docência e da investigação como
principais funções desenvolvidas pelos professores universitários, apontando a
investigação e a publicação como atividades preferidas desses professores.
Ressaltam, contudo, a dicotomia existente entre investigação e docência que
valoriza a atividade de investigação e produção científica e reduz o valor do
ensino.
Enfatizam a necessidade de destacar e resgatar a
importância e a responsabilidade social da atuação profissional do professor
universitário, principalmente quando inserido na formação de futuros
professores. Nesse sentido, assinalam a falta de integração e associação das
disciplinas de conteúdo científicos e de conteúdo pedagógico na grade curricular
dos cursos de licenciatura.
Destacam os ranços do processo de escolarização que
acompanham os futuros professores e a visão simplista em que concebem o ato de
ensinar reforçada pela racionalidade técnica. Sendo assim, o professor precisa
dominar o conteúdo científico e as disciplinas pedagógicas de sua área de
atuação e possibilitar a “transposição didática”.
Desse modo, as autoras destacam a contribuição de
Zeichner (1993) que explicita a responsabilidade que formadores de professores
têm no sentido de ajudar os futuros professores na ação reflexiva sobre o ato
de ensinar. Essa responsabilidade perpassa mudança de postura, de atitude.
Fazem um exame das cinco características básicas
atribuídas ao professor reflexivo e das quatro tradições da prática de
formação de professores: tradição
acadêmica, de eficiência social, desenvolvimentista e reconstrucionista social apontadas por Zeichner, para analisar as
narrativas dos sujeitos da pesquisa conduzida pelas referidas autoras.
A partir dessas contribuições, as autoras analisaram
12 textos produzidos por formadores de professores aos quais foi proposta a
tarefa de descrever e analisar suas respectivas práticas pedagógicas,
respondendo à questão “ por que ensino como ensino?” Com essa proposta, buscaram
verificar se tais formadores julgavam-se reflexivos (ou não) em suas ações
docentes.
Descrevem o contexto da investigação, o perfil e os
resultados da análise dos sujeitos, os processos de construção e análise de
dados.
Como resultados, apontaram “a ausência de espaços na
universidade que viabilizem a discussão e a reflexão sobre as questões do
cotidiano do processo de ensino-aprendizagem nos cursos de graduação”, com
ênfase nos cursos de formação de professores.
As autoras propõem a realização de projetos de
parcerias entre as diferentes área de conhecimento específico e as disciplinas
pedagógicas, além da criação de grupos de reflexão na formação de futuros
professores.
Referência:
SCHNETZLER, R.P e ROSA, Dalva E.G. Ações e reflexões sobre o ensino e
aprendizagem na formação de professores. Anais do Xendipe, Rio de Janneiro,
2000.
Nenhum comentário:
Postar um comentário