terça-feira, 26 de novembro de 2013

Preparando os Profissionais para as Demandas da prática e Ensinando o Talento Artístico Através da Reflexão-na-Ação: apontamentos de leitura

Por Ernaldina Sousa Silva Rodrigues

Os textos: Preparando os Profissionais para as Demandas da prática e Ensinando o Talento Artístico Através da Reflexão-na-Ação são capítulos do livro Educando o Professor Reflexivo de Donald Schön.

Donald Schön foi Professor de Estudos Urbanos e Educação no Instituto de Tecnologia de Massachusets. Formou-se em Filosofia em 1951, na Universidade de Gale, é mestre (1952) e Ph.D. (1955) em Filosofia pela Universidade de Harvard.

Schön, crítico da Racionalidade Técnica, não foi um pesquisador preocupado com o professor. Trabalhava no Instituto Tecnológico de Massachusets. Frequentava reuniões de arquitetos e começou a observar como os profissionais resolviam seus problemas técnicos.

Partindo da crise de confiança no conhecimento e na educação profissional, instala-se o dilema entre a racionalidade técnica e a relevância de se considerar as zonas indeterminadas da prática.

O autor ressalta a distância existente entre a concepção do conhecimento profissional dominante nas escolas e as atuais competências exigidas dos profissionais no campo de aplicação. O currículo profissional não é capaz de preparar os estudantes para a atuação competente em zonas incertas da prática. Toda situação prática é incerta, conflituosa. Ela não se encaixa na previsibilidade que a racionalidade técnica impõe. Não existe teoria que dê conta dos problemas da escola.

A questão é: os conceitos dominantes da educação profissional poderão construir um currículo adequado aos universos complexos, instáveis, incertos e conflituosos da prática?

Baseada na distância existente entre faculdade e local de trabalho, entre pesquisa e prática, a crise de confiança nas profissões e suas escolas está enraizada na epistemologia dominante.

Com que competência, então, os profissionais dão conta de zonas indeterminadas da prática na questão do relacionamento entre competência profissional e conhecimento profissional?

O autor aponta o “talento artístico” como inerente à prática dos profissionais. Então, como se manifesta o talento artístico profissional? Como as pessoas o adquirem para lidar com as zonas indeterminadas da prática?

No Capítulo 2, o autor parte do ateliê de projetos de arquitetura para tratar de temas sobre a atividade de projeto como uma forma de talento artístico; tarefas e dilemas fundamentais de um ateliê de projetos; diálogo entre estudante e instrutor; formas de diálogo; instrutor e estudante como praticantes do conhecimento profissional;, instrução do talento artístico e os obstáculos da aprendizagem. Esboça, assim, as principais características de um ensino prático reflexivo, aplicável à educação, para o talento artístico em outras profissões.

O “talento artístico” profissional refere-se aos tipos de competência de conhecer-na-ação e de reflexão na ação.

O conhecer-na-ação é um tipo de conhecimento tácito e espontâneo, sem deliberação consciente. Na ação, as situações se apresentam de forma inesperada, gerando a surpresa. Essa surpresa leva à reflexão dentro do presente-da-ação. A reflexão é consciente, ainda que não precise ocorrer por meio de palavras. A reflexão-na-ação surge, então, por meio de situações surpresas e inesperadas e tem uma função crítica, questionando a estrutura de pressupostos de conhecer-na-ação. A reflexão-na-ação tem uma imediata significação para a ação.

O conhecer-na-ação e a reflexão-na-ação fazem parte de um processo que pode ser desenvolvido sem que se precise dizer que se está fazendo.

Nesse processo, o profissional desenvolve o talento artístico reflexivo, construindo o ensino prático reflexivo.

Para Schön, ficou muito claro que o bom profissional, os grandes arquitetos, não usavam os pacotinhos fechados do conhecimento, mas usavam certos conhecimentos teóricos para resolver a situação. O diálogo com a situação é que dava condições para a resolução do problema. As situações singularizadas são incertas, inseguras e únicas.

Os textos em si desenvolvem uma visão geral do “ensino prático reflexivo” voltado para ajudar os estudantes a adquirirem os tipos de talento artístico, conhecer-na-ação e reflexão-na-ação, essenciais para a competência em zonas indeterminadas da prática. O autor argumenta que as escolas profissionais devem repensar tanto a epistemologia da prática quanto os pressupostos pedagógicos sobre as quais seus currículos estão baseados e devem adaptar suas instituições para acomodar o ensino prático reflexivo como um elemento-chave da educação profissional.

Os estudos de Schön valorizam o conhecimento tácito do profissional, fazendo-o refletir sobre o por quê ensina como ensina. Ressalta a necessidade de se resgatar o aspecto intuitivo do profissional quando enfrenta situações conflituosas e incertas.

As contribuições de Schön baseiam-se em desenvolver uma crítica ao modelo da racionalidade técnica e uma reflexão sobre a racionalidade prática.

Com esses estudos, Schön nos convida a desenvolver e a aprofundar, de forma crítica, a construção do conhecimento de nossa área de atuação.

Referência:

SCHÖN, Donald A . Preparando os Profissionais para as Demandas da prática e Ensinando o Talento Artístico Através da Reflexão-na-Ação. In: _______. Educando o Profissional Reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem. Porto Alegre, Artmed Editora, 2000, caps. 1 e 2.



terça-feira, 19 de novembro de 2013

Dieta para gripe

"Tem dieta para gripe?
Tem: comida de gripe é aquela velha canja tradicional brasileira que veio da China e da Índia junto com os marinheiros, nas caravelas. O arroz, branco ou integral, deve ser cozido em bastante água por 3 horas, no mínimo. Quanto mais cozinhar, melhor fica. Se galinha caipira houver, cozinhar junto até ela desmanchar. Temperar com alho, cebola, aipo, alho-poró, pimenta, azeite extravirgem, pouco sal ou shoyu, salsinha, hortelã. Tomar só essa canja quando der vontade, com ou sem galinha, até melhorar. 

Quente ou frio?
Ao perceber um resfriado chegando – mal-estar, dor de cabeça, moleza, espirro – é bom saber se ele é frio ou quente. O quente se trata com chás de natureza fresca, o frio com os de natureza morna.
frescos: assa-peixe, tanchagem, hortelã, poejo, camomila, raiz-de-lótus fresca 
mornos: canela, cravo, feno-grego, funcho, cominho, alho, raiz-de-lótus seca, cúrcuma, alecrim, gengibre fresco.

Gripe quente
Quando a vítima está muito seca, queixando-se de calor e com catarro grosso, vai se sentir melhor bebendo água fresca com gotas de limão, aos golinhos, ou chá de hortelã com 1 colherinha de mel. Não deve comer nada assado ou frito, só caldos e canja. 

Gripe fria
Quem tem sintomas de frio não deveria comer frutas e vegetais crus, só cozidos. Comida quente aquece a digestão. Digerir bem é essencial para aquecer o corpo e reduzir o muco. 

De onde vem o muco?
O que escorre do nariz e vira catarro é um excesso que o corpo está eliminando. Tem a ver com descuidos alimentares, má digestão, comida imprópria, toxinas. Também tem a ver com cansaço, portanto... descanse! 

Ele derrete!
Ingrid Naiman, em www.kitchendoctor.com, conta que aprendeu a entender o muco como uma cera que congestiona, pressiona, inflama, dói – mas derrete quando lhe damos fogo, por exemplo nos caldos apimentados e chás de ervas e especiarias quentes. 

Mel é bom?
O mel ajuda a dissolver catarro. Dois bons xaropes: cebola com mel e abacaxi com mel. Cortar em rodelas, cobrir com mel, deixar uma noite, tomar de colherinha. Dose máxima de mel por dia: 4 a 5 colherinhas (chá). 

Lavar o nariz
com água morna salgada, 2 a 3 vezes por dia, usando um conta-gotas ou similar, elimina micróbios que complicam resfriados, gripes, sinusites, etc. Medida: 1 colher (chá) de sal em um copo de água morna. 

Inalação é bom?
Só se o clima estiver seco, explica Carla Saboya. Em clima úmido, considera mais eficiente queimar folhas secas de capim-limão pela casa, soltando a fumaça nos cantos e até dentro dos armários."

Fonte: Transcrito de <http://correcotia.com/atchim/> em 18 nov. 2013.



terça-feira, 12 de novembro de 2013

Um toque de Clássicos: apontamentos de leitura


Por Ernaldina Sousa Silva Rodrigues

Karl Marx (1818-1883) pertence ao grupo dos clássicos do pensamento sociológico juntamente com Émile Durkheim e Max Weber. Formulou teorias sobre a vida social e analisou a sociedade capitalista. Acreditava que a razão era um instrumento de apreensão e entendimento da realidade e de construção de um mundo mais justo.

O texto 'Introdução', do livro 'Um toque de Clássicos', sintetiza os fundamentos conceituais e metodológicos da teoria social contida na obra de Marx.

Marx parte do significado da dialética de Hegel de forma invertida. Se para Hegel é o pensamento que cria a realidade manifestada exteriormente pela ideia; para Marx, é o mundo material que cria a realidade por meio da contradição vivida entre os homens em condições históricas e sociais reais. A dialética, segundo Marx, é o método de análise da vida social, econômica, política e intelectual que deve ser feita do estudo dos fatos concretos, a fim de expor a vida real. Dessa forma, as autoras Oliveira e Quintaneiro (2002),comparam o materialismo histórico com o  idealismo hegeliano.

No idealismo hegeliano, a história da humanidade é a historia do espírito. Para Marx, o ponto de partida são os indivíduos reais, a sua ação e as suas condições de existência.

A base de todas as relações entre os homens se estabelece por meio das relações materiais e o modo como produzem seus meios de vida. Essa análise fundamenta o materialismo histórico.

A natureza é o meio onde os homens buscam suprir suas necessidades. A produção e a reprodução da vida se dão por meio do trabalho tido como principal atividade humana que constitui a história do homem.

Forças produtivas referem-se aos instrumentos e habilidades que possibilitam o controle das condições naturais em que os homens se encontram. As relações sociais de produção implicam em como os homens se organizam socialmente para produzir, distribuir e se apropriarem dos meios de produção. As relações sociais são produzidas pelos homens e estão ligadas às forças produtivas.

O conjunto das forças produtivas e das relações sociais, a base econômica, forma a infraestrutura de uma sociedade. A super-estrutura ou supra-estrutura é construída pelo nível político-ideológico e está condicionada pelo modo como os homens estão organizados no processo produtivo.

Marx explica as lutas de classes na sua estrutura e forma, demonstrando que a existência das classes está unida apenas a determinadas fases históricas do desenvolvimento da produção; que a luta de classes conduz à ditadura do proletariado; que a abolição de todas as classes para uma sociedade sem classes se fará por meio do proletariado. Portanto, a classe explorada, que é o proletariado, impulsionará a mudança estrutural da sociedade.

O aparecimento das classes sociais vincula-se ao surgimento de um excedente de produção que possibilita a apropriação privada das condições de produção e da divisão social do trabalho. As classes vinculam-se às relações de produção e constituem o nível de estrutura de uma sociedade.

A classe revolucionária, os grupos explorados, a classe oprimida socialmente, o proletariado constituem a maior força produtiva, segundo Marx. A partir do momento que a classe revolucionária se organizar e se apropriar das forças produtivas, dar-se-á a conquista do poder e a revolução social.

Para analisar a sociedade capitalista, parte-se da mercadoria tendo um valor de uso e um valor de troca definidos por meio do caráter social das necessidades, do nível de cooperação, dentre outros. O trabalhador vende sua força de trabalho como uma mercadoria para o capital. Uma parte do valor, apropriado sob a forma de trabalho excedente passa a ser trabalho não pago e passa a integrar o capital. O tempo de trabalho excedente é a mais valia e representa a exploração da força de trabalho pelo capital, segundo Marx.

A burguesia teve um papel revolucionário nos instrumentos de produção e nas relações sociais, impulsionando a livre concorrência e a dominação econômica e política da classe burguesa, desde a sociedade feudal onde se originou.

Com essa dominação, surgiram as classes da burguesia e do proletariado. Para eliminar as condições de apropriação e concentração dos meios de produção na classe burguesa, funda-se a sociedade sobre uma nova forma de organização social. Numa fase transitória, essa forma seria uma ditadura do proletariado. Ao realizar as condições propostas, a sociedade seria comunista.

A dominação da burguesia é tão exacerbada que o trabalhador tem o trabalho como meio de sobrevivência e um sacrifício de sua vida. A alienação está na organização social da produção. O poder social é percebido como uma força alheia.

Com a sociedade comunista, o conflito entre homem e natureza e entre homem e homem se resolveriam, haveria a reconstrução consciente da sociedade humana e iniciaria uma nova vida social.

Nas conclusões, as autoras discorrem sobre a complexidade do objeto que o marxismo procura analisar e apresentam o resultado dessas análises.

OLIVEIRA, M.G.M. E QUINTANEIRO, T. Karl Marx – Introdução. In: Quintaneiro, T; Barbosa, M. L. e Oliveira, M. G. M. (Orgs.). Um toque de Clássicos. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2002, p. 27-66.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Curso de Filosofia Positiva: apontamentos de leitura


Por Ernaldina Sousa Silva Rodrigues

Antes do advento da máquina a vapor, o homem usava a energia natural. Com o surgimento da máquina a vapor, a humanidade sofreu alterações cruciais como as que ocorreram com a Revolução Industrial no Século XVIII. Nessa época, fervilhavam as ideias em torno do cientificismo, tendo a ciência como a única fonte de conhecimento possível e o método das ciências da natureza o único válido. Nesse contexto, Auguste Comte (1798-1857), francês, desenvolveu o seu pensamento positivista. Os positivistas reduzem o trabalho da filosofia à mera síntese dos resultados das diversas ciências particulares. O aparecimento dos positivistas deveu-se a crítica feita por Immanuel Kant, filósofo alemão, à metafísica na Crítica da razão pura juntamente com os idealistas. Comte é considerado o fundador da sociologia como ciência.

O Curso de Filosofia Positiva, de autoria de Comte, divide-se em duas lições. Cada lição conta com um sumário que favorece uma visão panorâmica sobre os temas tratados.

A primeira trata da finalidade do curso.  O autor explica a evolução histórica do espírito humano, da humanidade da filosofia com a teoria dos três estados sucessivos: o estado teológico ou fictício, ligado aos mitos, às crenças, aos deuses e à religião. O estado ou sistema metafísico, destinado a servir de transição, de explicar o modo de geração dos fenômenos,  onde o espírito humano é movido por força abstratas, personificadas, verdadeiras entidades inerentes aos diversos seres do mundo. O estado positivo, o espírito humano é fixo e definitivo, preocupa-se em descobrir suas leis efetivas e a saber suas relações invariáveis de sucessão e de similitude.

Exalta o estado positivo como fundamental na idade viril ou madura do espírito humano, desprezando o teológico e o metafísico. A filosofia positiva é o verdadeiro estado definitivo da inteligência humana, porque possibilita a observação e a formação de teorias reais. Todos os fenômenos são tomados como sujeito a leis naturais invariáveis. Nesse estado, a filosofia positiva apenas descreve os fenômenos, sem explicá-los. Se tais explicações ocorressem, cairia na visão teológica e metafísica.

Comte ressalta a divisão do trabalho intelectual como sendo um dos atributos da filosofia positiva por ser a base da organização do mundo do trabalho dos cientistas e a sistematização das ciências. Para o aperfeiçoamento dessa divisão, forma-se uma seção sobre o estudo das generalidades científicas controlada por uma classe distinta de novos cientistas.

O estudo da filosofia positiva tem a vantagem, segundo Comte, de tornar-se racional as leis lógicas do espírito humano. Recusa a introspecção e critica o método subjetivo empregado na psicologia como ilusório, permeado pela abstração das causas e dos efeitos, sem tese lógica, baseado em sonhos e impossibilitado de promover a observação dos fenômenos intelectuais.

O método positivo consiste na observação e na produção de um conhecimento nítido e profundo das investigações, manifestado pela experiência das leis.

Na visão do autor, a reforma geral do sistema de educação consiste em substituir a educação europeia, impregnada pela teologia, metafísica e a literatura, pela educação positiva. A essa reorganização educacional e racional, seria acrescentado o estudo das generalidades científicas, sucedendo à educação geral.

Extremamente pretensioso no pensar, Comte considera a filosofia positiva como a única base sólida capaz da reorganização social frente à desordem causada pelas filosofias teológicas e metafísica.

Com o termo “ Nada mais resta”, Comte reduz a filosofia a um único corpo de doutrina homogênea, à síntese de resultados das ciências específicas, ao fato positivo. A filosofia positiva seria a redentora da sociedade frente à crise revolucionária. Sendo assim, a filosofia de Comte restabeleceria a ordem na sociedade.

Na Segunda Lição do Curso, o autor expõe o plano, a classificação racional das ciências positivas. A classificação das ciências propostas até aquele momento tinham fracassado pela incompetência dos filósofos e pelo caráter prematuro de suas tentativas. Diante disso, as circunstâncias seriam favoráveis ao positivismo, tendo os filósofos da área de botânica e zoologia dado o suporte ao modelo das classificações provindas do próprio estudo dos objetos a serem classificados. O princípio é classificar os objetos, após a observação, eliminando as considerações a priori. Distingue os conhecimentos teóricos e práticos. A filosofia deve considerar os conhecimentos das teorias científicas, da pesquisa teórica e desconsiderar a prática ou as ciências particulares. Sendo qualquer classificação das ciências necessariamente artificial, a obrigação do filósofo seria combinar a exposição histórica com a exposição dogmática. O importante seria o conhecimento da história das ciências.

Comte divide as ciências naturais em Física inorgânica ou corpos brutos e física orgânica ou  corpos organizados. Em seguida, o autor faz um resumo da classificação das ciências, sendo a matemática, a astronomia, a física, a química, a filosofia e a física social. Explica as propriedades dessa classificação, especificando os aspectos históricos das ciências.

O Curso Filosofia Positiva é uma obra clássica e Comte postula o fundamento de uma doutrina positivista. Formulou a lei dos três estados, promoveu a classificação das Ciências e fundou a sociologia. O positivismo despreza a sensibilidade, o sentimento, a introspecção. Ressalta e prima pelo que é observável, que pode ser medido, que produza resultados palpáveis. Na realidade, Comte faz uma apologia à filosofia positiva, tida como a verdadeira e salvadora da humanidade. Tudo está reduzido ao conhecimento científico.

Nossa realidade tem ranços da filosofia positiva.

COMTE, Auguste. Curso de Filosofia Positiva. In: Os Pensadores. São Paulo: Ed. Abril, 1978, p. 1-39.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Um punhado de sal

"O velho Mestre pediu a um jovem triste que colocasse uma mão cheia de sal em um copo d'água e bebesse.
- Qual é o gosto? - perguntou o Mestre.
- Ruim. - disse o jovem sem pensar duas vezes.
O Mestre sorriu e pediu ao jovem que pegasse outra mão cheia de sal e levasse junto com ele ao lago. Os dois caminharam em silêncio, e quando chegaram lá o mestre mandou que o jovem jogasse o sal no lago. O jovem então fez como o mestre disse.
Logo após o velho disse:
- Beba um pouco dessa água.
O jovem assim o fez e enquanto a água escorria do queixo do jovem o Mestre perguntou:
- Qual é o gosto?
- Bom! - o jovem disse sem pestanejar.
- Você sente o gosto do sal? - perguntou o Mestre.
- Não. - disse o jovem.
O Mestre então sentou ao lado do jovem, pegou em suas mãos e disse:
- A dor na vida de uma pessoa não muda. Mas o sabor da dor depende de onde a colocamos. Quando você sentir dor, a única coisa que você deve fazer é aumentar o sentido de tudo o que está a sua volta. É dar mais valor ao que você tem em detrimento ao que ao que você perdeu. Em outras palavras: É deixar de ser copo, para tornar-se um Lago."

Autor: Desconhecido