Por Ernaldina Sousa
Silva Rodrigues
Karl Marx (1818-1883) pertence ao
grupo dos clássicos do pensamento sociológico juntamente com Émile Durkheim e
Max Weber. Formulou teorias sobre a vida social e analisou a sociedade
capitalista. Acreditava que a razão era um instrumento de apreensão e
entendimento da realidade e de construção de um mundo mais justo.
O texto 'Introdução', do livro 'Um toque de Clássicos', sintetiza os fundamentos conceituais e metodológicos da teoria social contida na obra de Marx.
O texto 'Introdução', do livro 'Um toque de Clássicos', sintetiza os fundamentos conceituais e metodológicos da teoria social contida na obra de Marx.
Marx parte do significado da dialética de Hegel de forma invertida. Se para Hegel é o pensamento que cria a realidade manifestada exteriormente pela ideia; para Marx, é o mundo material que cria a realidade por meio da contradição vivida entre os homens em condições históricas e sociais reais. A dialética, segundo Marx, é o método de análise da vida social, econômica, política e intelectual que deve ser feita do estudo dos fatos concretos, a fim de expor a vida real. Dessa forma, as autoras Oliveira e Quintaneiro (2002),comparam o materialismo histórico com o idealismo hegeliano.
No idealismo hegeliano, a
história da humanidade é a historia do espírito. Para Marx, o ponto de partida são
os indivíduos reais, a sua ação e as suas condições de existência.
A base de todas as relações entre
os homens se estabelece por meio das relações materiais e o modo como produzem
seus meios de vida. Essa análise fundamenta o materialismo histórico.
A natureza é o meio onde os
homens buscam suprir suas necessidades. A produção e a reprodução da vida se
dão por meio do trabalho tido como principal atividade humana que constitui a
história do homem.
Forças produtivas referem-se aos
instrumentos e habilidades que possibilitam o controle das condições naturais
em que os homens se encontram. As relações sociais de produção implicam em como
os homens se organizam socialmente para produzir, distribuir e se apropriarem
dos meios de produção. As relações sociais são produzidas pelos homens e estão
ligadas às forças produtivas.
O conjunto das forças produtivas
e das relações sociais, a base econômica, forma a infraestrutura de uma
sociedade. A super-estrutura ou supra-estrutura é construída pelo nível
político-ideológico e está condicionada pelo modo como os homens estão
organizados no processo produtivo.
Marx explica as lutas de classes
na sua estrutura e forma, demonstrando que a existência das classes está
unida apenas a determinadas fases históricas do desenvolvimento da produção;
que a luta de classes conduz à ditadura do proletariado; que a abolição de
todas as classes para uma sociedade sem classes se fará por meio do
proletariado. Portanto, a classe explorada, que é o proletariado, impulsionará
a mudança estrutural da sociedade.
O aparecimento das classes
sociais vincula-se ao surgimento de um excedente de produção que possibilita a
apropriação privada das condições de produção e da divisão social do trabalho.
As classes vinculam-se às relações de produção e constituem o nível de
estrutura de uma sociedade.
A classe revolucionária, os
grupos explorados, a classe oprimida socialmente, o proletariado constituem a
maior força produtiva, segundo Marx. A partir do momento que a classe
revolucionária se organizar e se apropriar das forças produtivas, dar-se-á a
conquista do poder e a revolução social.
Para analisar a sociedade
capitalista, parte-se da mercadoria tendo um valor de uso e um valor de troca
definidos por meio do caráter social das necessidades, do nível de cooperação,
dentre outros. O trabalhador vende sua força de trabalho como uma mercadoria
para o capital. Uma parte do valor, apropriado sob a forma de trabalho
excedente passa a ser trabalho não pago e passa a integrar o capital. O tempo
de trabalho excedente é a mais valia e representa a exploração da força de
trabalho pelo capital, segundo Marx.
A burguesia teve um papel
revolucionário nos instrumentos de produção e nas relações sociais, impulsionando
a livre concorrência e a dominação econômica e política da classe burguesa,
desde a sociedade feudal onde se originou.
Com essa dominação, surgiram as
classes da burguesia e do proletariado. Para eliminar as condições de
apropriação e concentração dos meios de produção na classe burguesa, funda-se a
sociedade sobre uma nova forma de organização social. Numa fase transitória,
essa forma seria uma ditadura do proletariado. Ao realizar as condições
propostas, a sociedade seria comunista.
A dominação da burguesia é tão exacerbada que o trabalhador tem o trabalho como meio de sobrevivência e um
sacrifício de sua vida. A alienação está na organização social da produção. O
poder social é percebido como uma força alheia.
Com a sociedade comunista, o
conflito entre homem e natureza e entre homem e homem se resolveriam, haveria a
reconstrução consciente da sociedade humana e iniciaria uma nova vida social.
Nas conclusões, as autoras
discorrem sobre a complexidade do objeto que o marxismo procura analisar e apresentam o
resultado dessas análises.
OLIVEIRA, M.G.M. E QUINTANEIRO,
T. Karl Marx – Introdução. In: Quintaneiro, T; Barbosa, M. L. e Oliveira,
M. G. M. (Orgs.). Um toque de Clássicos. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2002, p.
27-66.
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