terça-feira, 12 de novembro de 2013

Um toque de Clássicos: apontamentos de leitura


Por Ernaldina Sousa Silva Rodrigues

Karl Marx (1818-1883) pertence ao grupo dos clássicos do pensamento sociológico juntamente com Émile Durkheim e Max Weber. Formulou teorias sobre a vida social e analisou a sociedade capitalista. Acreditava que a razão era um instrumento de apreensão e entendimento da realidade e de construção de um mundo mais justo.

O texto 'Introdução', do livro 'Um toque de Clássicos', sintetiza os fundamentos conceituais e metodológicos da teoria social contida na obra de Marx.

Marx parte do significado da dialética de Hegel de forma invertida. Se para Hegel é o pensamento que cria a realidade manifestada exteriormente pela ideia; para Marx, é o mundo material que cria a realidade por meio da contradição vivida entre os homens em condições históricas e sociais reais. A dialética, segundo Marx, é o método de análise da vida social, econômica, política e intelectual que deve ser feita do estudo dos fatos concretos, a fim de expor a vida real. Dessa forma, as autoras Oliveira e Quintaneiro (2002),comparam o materialismo histórico com o  idealismo hegeliano.

No idealismo hegeliano, a história da humanidade é a historia do espírito. Para Marx, o ponto de partida são os indivíduos reais, a sua ação e as suas condições de existência.

A base de todas as relações entre os homens se estabelece por meio das relações materiais e o modo como produzem seus meios de vida. Essa análise fundamenta o materialismo histórico.

A natureza é o meio onde os homens buscam suprir suas necessidades. A produção e a reprodução da vida se dão por meio do trabalho tido como principal atividade humana que constitui a história do homem.

Forças produtivas referem-se aos instrumentos e habilidades que possibilitam o controle das condições naturais em que os homens se encontram. As relações sociais de produção implicam em como os homens se organizam socialmente para produzir, distribuir e se apropriarem dos meios de produção. As relações sociais são produzidas pelos homens e estão ligadas às forças produtivas.

O conjunto das forças produtivas e das relações sociais, a base econômica, forma a infraestrutura de uma sociedade. A super-estrutura ou supra-estrutura é construída pelo nível político-ideológico e está condicionada pelo modo como os homens estão organizados no processo produtivo.

Marx explica as lutas de classes na sua estrutura e forma, demonstrando que a existência das classes está unida apenas a determinadas fases históricas do desenvolvimento da produção; que a luta de classes conduz à ditadura do proletariado; que a abolição de todas as classes para uma sociedade sem classes se fará por meio do proletariado. Portanto, a classe explorada, que é o proletariado, impulsionará a mudança estrutural da sociedade.

O aparecimento das classes sociais vincula-se ao surgimento de um excedente de produção que possibilita a apropriação privada das condições de produção e da divisão social do trabalho. As classes vinculam-se às relações de produção e constituem o nível de estrutura de uma sociedade.

A classe revolucionária, os grupos explorados, a classe oprimida socialmente, o proletariado constituem a maior força produtiva, segundo Marx. A partir do momento que a classe revolucionária se organizar e se apropriar das forças produtivas, dar-se-á a conquista do poder e a revolução social.

Para analisar a sociedade capitalista, parte-se da mercadoria tendo um valor de uso e um valor de troca definidos por meio do caráter social das necessidades, do nível de cooperação, dentre outros. O trabalhador vende sua força de trabalho como uma mercadoria para o capital. Uma parte do valor, apropriado sob a forma de trabalho excedente passa a ser trabalho não pago e passa a integrar o capital. O tempo de trabalho excedente é a mais valia e representa a exploração da força de trabalho pelo capital, segundo Marx.

A burguesia teve um papel revolucionário nos instrumentos de produção e nas relações sociais, impulsionando a livre concorrência e a dominação econômica e política da classe burguesa, desde a sociedade feudal onde se originou.

Com essa dominação, surgiram as classes da burguesia e do proletariado. Para eliminar as condições de apropriação e concentração dos meios de produção na classe burguesa, funda-se a sociedade sobre uma nova forma de organização social. Numa fase transitória, essa forma seria uma ditadura do proletariado. Ao realizar as condições propostas, a sociedade seria comunista.

A dominação da burguesia é tão exacerbada que o trabalhador tem o trabalho como meio de sobrevivência e um sacrifício de sua vida. A alienação está na organização social da produção. O poder social é percebido como uma força alheia.

Com a sociedade comunista, o conflito entre homem e natureza e entre homem e homem se resolveriam, haveria a reconstrução consciente da sociedade humana e iniciaria uma nova vida social.

Nas conclusões, as autoras discorrem sobre a complexidade do objeto que o marxismo procura analisar e apresentam o resultado dessas análises.

OLIVEIRA, M.G.M. E QUINTANEIRO, T. Karl Marx – Introdução. In: Quintaneiro, T; Barbosa, M. L. e Oliveira, M. G. M. (Orgs.). Um toque de Clássicos. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2002, p. 27-66.

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