Karina Yamamoto
Do UOL, em São Paulo 29/02/201605h00 > Atualizada 29/02/2016 15h16
Do UOL, em São Paulo 29/02/201605h00 > Atualizada 29/02/2016 15h16
Todo
mundo (ou a esmagadora maioria das pessoas) concorda que estudar é
importante para melhorar de vida e que um país desenvolvido não pode
prescindir de boa educação. No entanto, você já parou para pensar por
quê?
E não adianta mais "só" estudar bastante. Além de saber os
conteúdos, é necessário desenvolver características que nos permitam
entender essas mudanças para solucionar os problemas. Acontece que tudo
começa com aprender a ler e a escrever.
"Grande maioria das
informações para compreensão de mundo vem do contexto escrito", explica
Ana Lúcia Lima, diretora executiva do IPM (Instituto Paulo Montenegro),
uma instituição ligada ao Ibope que trabalha com a definição e a
mensuração do analfabetismo funcional desde 2001.
Antigamente, o
analfabeto era aquele indivíduo que não era capaz de ler
e escrever um bilhete simples, um recado
e essa definição ainda é utilizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística). Há dez anos, existe um outro conceito, que é o
analfabeto funcional -- ele até sabe ler e escrever esse bilhete
simples, mas não consegue usar as instruções de um manual na vida
prática, por exemplo.
- Clique aqui para fazer download do estudo "Alfabetismo no Mundo do Trabalho" (arquivo em .pdf)
- Documento traz explicações do que é considerado "proficiente" (arquivo em .pdf)
O que isso tem a ver com seu emprego
O último estudo do IPM traz que 27% dos brasileiros são analfabetos funcionais -- pessoas com idade entre 15 e 64 anos, ou seja, uma população que está no mercado de trabalho. Outro dado é que apenas 8% da população é plenamente capaz de ler, compreender e elaborar textos de diferentes tipos, além de se entender bem com os números. Os números são ruins.
Bom, há duas consequências que ajudam a entender por que
o analfabetismo funcional deve ser combatido levando em conta os
empregos e a economia.
Cerca de 7 milhões de empregos devem ser eliminados
nos próximos 5 anos por causa das transformações da chamada "quarta
revolução industrial". Ou seja, se não estivermos preparados, nós
podemos estar nesse grupo de futuros desempregados.
A segunda
consequência é a falta de competitividade do país no cenário
internacional, algo que tem a ver com a produtividade do brasileiro.
Para se ter uma ideia, um trabalhador norte-americano produz o equivalente a quatro brasileiros.
Por exemplo, apenas 22% dos diretores e gerentes nos setores público e
privado (especialistas de nível superior) são proficientes. Na situação
ideal, um indivíduo chegaria a esse nível de alfabetismo ao final do
ensino médio. Ou seja, seria necessário que garantir o nível
"proficiente" a todos os brasileiros com 12 anos de escolaridade.
Para Lima, o primeiro passo está dado: diagnosticar. O estudo
"Alfabetismo no mundo do trabalho", divulgado na segunda quinzena de
fevereiro, traz informações sobre a distribuição dos analfabetos
funcionais nos setores produtivos da economia e nos tipos de cargos
dentro da hierarquia das instituições.
O estudo foi conduzido
pelo IPM (Instituto Paulo Montenegro) e pela ONG Ação Educativa. No
conjunto, foram entrevistadas 2002 pessoas entre 15 e 64 anos de idade,
residentes em zonas urbanas e rurais de todas as regiões do país.
Fonte: <http://educacao.uol.com.br/noticias/2016/02/29/todo-mundo-diz-que-o-pais-precisa-de-educacao-para-crescer-entenda-por-que.htm>
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