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terça-feira, 1 de março de 2016

Analfabetismo funcional: o que essas palavras têm a ver com seu emprego?

Karina Yamamoto
Do UOL, em São Paulo 29/02/201605h00 > Atualizada 29/02/2016 15h16

Todo mundo (ou a esmagadora maioria das pessoas) concorda que estudar é importante para melhorar de vida e que um país desenvolvido não pode prescindir de boa educação. No entanto, você já parou para pensar por quê?

E não adianta mais "só" estudar bastante. Além de saber os conteúdos, é necessário desenvolver características que nos permitam entender essas mudanças para solucionar os problemas. Acontece que tudo começa com aprender a ler e a escrever.

"Grande maioria das informações para compreensão de mundo vem do contexto escrito", explica Ana Lúcia Lima, diretora executiva do IPM (Instituto Paulo Montenegro), uma instituição ligada ao Ibope que trabalha com a definição e a mensuração do analfabetismo funcional desde 2001.

Antigamente, o analfabeto era aquele indivíduo que não era capaz de ler e escrever um bilhete simples, um recado e essa definição ainda é utilizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Há dez anos, existe um outro conceito, que é o analfabeto funcional -- ele até sabe ler e escrever esse bilhete simples, mas não consegue usar as instruções de um manual na vida prática, por exemplo.

O que isso tem a ver com seu emprego

O último estudo do IPM traz que 27% dos brasileiros são analfabetos funcionais -- pessoas com idade entre 15 e 64 anos, ou seja, uma população que está no mercado de trabalho. Outro dado é que apenas 8% da população é plenamente capaz de ler, compreender e elaborar textos de diferentes tipos, além de se entender bem com os números. Os números são ruins.

Bom, há duas consequências que ajudam a entender por que o analfabetismo funcional deve ser combatido levando em conta os empregos e a economia. 

Cerca de 7 milhões de empregos devem ser eliminados nos próximos 5 anos por causa das transformações da chamada "quarta revolução industrial". Ou seja, se não estivermos preparados, nós podemos estar nesse grupo de futuros desempregados.

A segunda consequência é a falta de competitividade do país no cenário internacional, algo que tem a ver com a produtividade do brasileiro. Para se ter uma ideia, um trabalhador norte-americano produz o equivalente a quatro brasileiros

Por exemplo, apenas 22% dos diretores e gerentes nos setores público e privado (especialistas de nível superior) são proficientes. Na situação ideal, um indivíduo chegaria a esse nível de alfabetismo ao final do ensino médio. Ou seja, seria necessário que garantir o nível "proficiente" a todos os brasileiros com 12 anos de escolaridade.

Para Lima, o primeiro passo está dado: diagnosticar. O estudo "Alfabetismo no mundo do trabalho", divulgado na segunda quinzena de fevereiro, traz informações sobre a distribuição dos analfabetos funcionais nos setores produtivos da economia e nos tipos de cargos dentro da hierarquia das instituições.

O estudo foi conduzido pelo IPM (Instituto Paulo Montenegro) e pela ONG Ação Educativa. No conjunto, foram entrevistadas 2002 pessoas entre 15 e 64 anos de idade, residentes em zonas urbanas e rurais de todas as regiões do país.

Fonte: <http://educacao.uol.com.br/noticias/2016/02/29/todo-mundo-diz-que-o-pais-precisa-de-educacao-para-crescer-entenda-por-que.htm>

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Brasil dá mais do PIB para educação que países ricos, mas gasto por aluno é pequeno


O Brasil já destina mais do seu PIB para educação do que os países ricos, mas o gasto por aluno ainda é pequeno, pelo que indica um novo estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico OCDE).

O Brasil aparece em penúltimo no ranking de investimento por alunos no relatório, lançado nesta terça-feira, que compara resultados dos 34 países da organização, que reúne países ricos, e outros dez países em desenvolvimento.

A educação de um brasileiro é feita com um terço do valor gasto com um estudante dos países ricos, em média, diz a OCDE. Mas o Brasil tem um número alto de alunos; quando o investimento é dividido pelo número de estudantes, ele se dilui.

Segundo especialistas ouvidos pela BBC Brasil, o alto grau de repetência e evasão acaba inflando o número de alunos. A baixa qualidade do ensino também sobrecarrega o sistema.

Dentro dos gastos públicos totais do Brasil, a educação até recebe uma atenção grande: em 2011, 19% de todo o gasto público do Brasil foi destinado para a educação. A média da OCDE é de 13%. O gasto público total em educação representou 6,1% do PIB, quando a média da OCDE é de 5,6%.

Porém, quando divide-se o gasto pelo total de alunos, o país fica em penúltimo lugar. Gastou US$ 2.985 por estudante, enquanto a média da OCDE é de US$ 8.952.

Matrículas
O Brasil têm muitos estudantes, principalmente nos ensinos fundamental e médio, onde as matrículas cresceram nos últimos anos. Nesses dois níveis de ensino estão matriculados 84,5% dos estudantes, mas a eles são destinados 75% dos gastos em educação.

Segundo o relatório, as instituições públicas gastam 4 vezes mais por aluno do ensino superior do que do ensino fundamental - é a maior diferença entre todos os países que têm dados disponíveis.

O professor Naércio Menezes, do Insper, diz que a discrepância ocorre também porque o Brasil ter um PIB menor do que diversos países da OCDE - ou seja, uma mesma porcentagem do PIB resulta em menos dólares no Brasil do que nos Estados Unidos, por exemplo.

Dessa forma, segundo ele, a melhor comparação é com o PIB per capita, que leva em conta o tamanho da população. Nessa conta, o Brasil fica atrás dos países ricos.

"Mas mais importante do que o gasto com educação é o resultado em termos de aprendizado. Quando fazemos essa conta, vemos que o Brasil gerencia muito mal esses recursos educacionais. Em matemática, por exemplo, 67% dos nossos alunos estão abaixo do nível 2 do PISA (exame internacional que avalia o nível de aprendizagem). Assim, precisamos mudar rapidamente a gestão dos recursos educacionais no Brasil", afirma.

Já Francisco Aparecido Cordão, do Conselho Nacional de Educação, diz que o Brasil precisa gastar mais que os países desenvolvidos porque eles "já fizeram o dever de casa" - ou seja, estão muito mais avançados em educação que o Brasil.

"Quatro porcento das nossas crianças com 8 anos de idade, embora tenham tido acesso ao ensino fundamental, não sabem ler e escrever. Mais da metade das crianças e adolescentes que concluíram o ensino médio ainda são analfabetos fundamentais. O Ideb mostra melhora, mas nosso resultados ainda estão muito longe dos da OCDE".

Com isso, afirma, precisamos investir mais que outros países, tanto para capacitar nossos professores quando para recuperar esses alunos que não aprenderam. "O aluno que repete de ano, por exemplo, é um dinheiro jogado no lixo. Ele precisar aprender e passar de ano, porque fazer duas vezes a mesma série é jogar dinheiro no lixo."

Para Cordão, o plano que destina 10% do PIB para a educação pode "ajudar a saldar uma dívida que países da OCDE já pagaram".

Diploma
O relatório da OCDE também destaca que adultos com ensino superior no Brasil ganham 2,5 vezes mais do que aqueles que cursaram apenas o ensino médio. Essa diferença nos rendimentos é maior que a média da OCDE e a segunda maior entre todos os países analisados.

A análise também mostra uma peculiaridade brasileira: quem não fez ensino médio tem mais chances de conseguir emprego do que quem fez. Em 2012, a taxa de desemprego para quem tinha ensino médio foi de 5,1%, e para quem tinha menos do que isso foi de 4,1%. Esses números não levam em conta o salário que cada pessoa recebe - além disso, a menor taxa de desemprego é para quem fez ensino superior (2,9%).

A OCDE também mostrou que, no Brasil, o número de jovens que não estudam nem trabalham, conhecidos como os "nem-nem", se manteve estável desde 2005, mas ainda é maior que a média dos países ricos (20% no Brasil e 15% nos países da OCDE).

Estrangeiros
O estudo da OCDE mostra também que as universidades do Brasil têm o menor percentual de estudantes estrangeiros entre todos os países analisados. Eles são menos de 0,5% das matrículas do ensino superior e, desses, 27% vem de países que também falam português. "Não é surpresa, visto que o Brasil não oferece quase nenhum curso completo em inglês no nível superior", afirma o documento.

Os principais rankings internacionais costumam considerar o número de estudantes estrangeiros - a lógica é que essa diversificação dos alunos beneficia o ambiente universitário para aprendizagem e pesquisa.

O relatório também mostra que 23% dos estudantes brasileiros em faculdades no exterior estão nos Estados Unidos, 18% em Portugal e 10% na França.
 

terça-feira, 7 de maio de 2013

Capitalismo e liberdade: apontamentos de leitura



Por Ernaldina Sousa Silva Rodrigues


Milton Friedman, economista,  nasceu no dia 31 de julho de 1912, em uma família judia no bairro do Brooklyn, na cidade de Nova York. Seus pais vieram da cidade de Beregovo, na região da Transcarpácia, na Ucrânia. Obteve seu PhD na Universidade Columbia em 1946 e foi professor de economia na Universidade de Chicago entre 1946 e 1976.[1] 

Publicou dezenas de livros e artigos. Os mais famosos são: "A Theory of the Consumption Function [Uma Teoria da Função do Consumo]"; "The Optimum Quantity of Money and Other Essays [A Melhor Quantidade de Dinheiro e Outros Ensaios]"; "A Monetary History of the United States [Uma História Monetária dos Estados Unidos]"; "Monetary Statistics of the United States [Estatísticas Monetárias dos Estados Unidos]" e "Monetary Trends in the United States and the United Kingdom [Tendências Monetárias nos Estados Unidos e no Reino Unido]". Os três últimos foram escritos junto com A. J. Schwartz.[2]

Os textos Relação Entre Liberdade Econômica e Liberdade Política, Papel do governo numa Sociedade Livre e o Papel do Governo na Educação, fazem parte do livro Capitalismo e Liberdade de Milton Friedman. 

No capítulo I Relação Entre Liberdade Econômica e Liberdade Política (FRIEDMAN, 1982, p. 17-28), o autor trata da ilusão da liberdade individual por meio de determinada organização política, da relação existente entre economia e política, da possibilidade de combinações entre determinadas organizações econômica e política e da impossibilidade de uma sociedade socialista também ser democrática no sentido de garantir a liberdade individual. Aponta duas formas de coordenar as atividades econômicas das pessoas: por meio da cooperação voluntária ou pela coerção. Afirma que a liberdade política significa ausência de coerção sobre um homem por parte de seus semelhantes (Ibid., p. 23). A ameaça estaria no uso do poder de  coerção; e a preservação da liberdade requer a eliminação, dispersão e distribuição do poder, já que o poder econômico pode ser amplamente dispersado e o poder político é mais difícil de descentralizar (Ibid., 23-4). Alerta para a separação entre poder econômico e poder político. Finaliza o capítulo afirmando que os socialistas e os comunistas estariam negando a liberdade e seriam os inimigos do mercado livre (Ibid., p.28), do capitalismo, citando e comentando os exemplos da experiência de Winston Churchill e da lista negra de Hollywood (Ibid., p. 26-8). 

No capítulo II Papel do governo numa Sociedade Livre (Ibid., 29-41), Friedman  discute o papel do governo que legisla, arbitra, determina as regras do jogo do mercado, age tendo por base o monopólio técnico e os efeitos laterais e suplementa o paternalismo na proteção dos irresponsáveis. O Estado é o árbitro no jogo econômico. De forma clara, Friedman discute a relação do governo com o monopólio e cita exemplos dessa ação nos Estados Unidos. No Brasil, podemos citar como exemplo o monopólio do serviço postal, de energia elétrica e do petróleo como atividades desempenhadas pelo governo brasileiro. O papel do governo seria regular ou produzir diretamente bens e serviços? 

No capítulo VI, Papel do Governo na Educação (FRIEDMAN, 1982, p. 83-100), o autor destaca o papel do governo na educação geral dos cidadãos, na instrução em nível superior e na preparação vocacional e profissional, enfocando aspectos sobre instrução e educação. Analisa a intervenção do governo na educação, discutindo os efeitos laterais como circunstâncias sob as quais a ação de um indivíduo impõe custos significativos a outros indivíduos pelos quais não é possível forçar uma compensação... e o interesse paternalista pelas crianças e por outros indivíduos irresponsáveis (Ibid., p. 83). Expõe os diversos níveis de ensino e formula decisões políticas para a sua realização. Discorre sobre um mínimo de educação geral para os cidadãos, o subsídio governamental para a instrução primária, o valor econômico do indivíduo na instrução secundária, a impossibilidade de uma nacionalização da instrução de nível superior e a qualificação dos recursos humanos na preparação vocacional e profissional. 

O autor tem uma linguagem clara e fluente. Os textos construídos por Friedman se configuram como fonte de avaliação sobre o capitalismo e o socialismo, tendo por base a liberdade individual e coletiva, de mercado e governamental. Sendo assim, até que ponto somos realmente livres? Somos livres ou somos escravos de um sistema sustentado pelo Governo? A sociedade é considerada democrática e regulada pelo capitalismo e pelo mercado. Friedman propõe um programa liberal sustentado pelo capitalismo no controle de todas as ações do Estado. 

Minha expectativa é de que os textos possam contribuir para a discussão sobre as relações entre Estado Capitalista e sociedade, fornecendo subsídios para que os profissionais da área de ensino compreendam as questões propostas e seus efeitos na área educacional. 

Referência 

FRIEDMAN, Milton. Capitalismo e liberdade. São Paulo: Nova Cultura, Coleção Os Economicistas, 1982, Caps. I e II.







[2] Ibid. Acesso em 25 jun. 2007.