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terça-feira, 26 de agosto de 2014

Atitudes da Sociedade para com o Estresse

As crenças da sociedade, expectativas e valores culturais terão uma forte influência nas respostas do indivíduo ao estresse e crises da vida. A cultura norte americana, por exemplo, valoriza as realizações competitivas como uma medida importante de sucesso e desempenho. Nesta sociedade, o sucesso material é altamente louvado enquanto falhar se tornou um indicador de culpa e ansiedade. Assim, em uma situação estressante, qualquer coisa que ameace o desempenho do indivíduo se torna uma fonte de medo e angústia. De fato, a competição entre estudantes universitários é assinalada como não somente a causa de principais experiências estressantes, mas também, como uma razão para solidão e isolamento.
 
Outra característica da cultura ocidental é a obsessiva busca pela juventude, o esforço para permanecer jovem e atraente. As mulheres são valorizadas por sua beleza e aparência juvenil a tal ponto que, à medida que envelhecem, sentem que devem esconder a idade e a verdadeira aparência. O próprio envelhecimento é menosprezado e intensamente negado.
 
Nas sociedades em que há ênfase excessiva ao apego a coisas materiais e sucesso material como as principais fontes de felicidade, as pessoas podem se tornar mais vulneráveis ao estresse. Tais apegos fazem com que abandonar excessos materiais seja mais difícil. Da mesma forma, quanto mais as pessoas se tornam dependentes do poder material como uma fonte de segurança e satisfação, mais serão suscetíveis ao estresse da insegurança. Por outro lado, se o poder material é subordinado ao poder espiritual, então, a humanidade logra alcançar maior segurança.
 
O avanço da tecnologia moderna mudou nossa percepção da realidade do estresse e sofrimento. Agora esperamos ter conforto e segurança em todas os aspectos de nossas vidas. Isto, por sua vez, tornou a tarefa de lidar com o estresse mais difícil. Com as modernas descobertas científicas, experimentamos um sentimento ilusório de onipotência e poder de conquistar o universo.
 
Em tal ambiente, falhar em dominar as circunstâncias da vida se torna uma fonte de ansiedade. Alguns eventos são tão estressantes que se tornam como crises, além do controle humano. Os indivíduos que se sentem compelidos a controlar todos os aspectos da vida irão descobrir que é uma tarefa impossível. A incidência do alcoolismo, o uso das drogas, suicídio e violência em algumas sociedades podem, em parte, refletir este dilema. A necessidade de se ter um certo grau de controle sobre si mesmo e o ambiente é compreensível e necessária, mas quando se permite que essa necessidade aumente excessivamente, torna-se destrutiva.
 
Na cultura norte-americana existem dois fatores que contribuem para o perfil do indivíduo de personalidade propensa ao estresse: primeiro, a orientação para a competição e a realização no trabalho e na sociedade; e, segundo, o isolamento e a solidão no lar. Nós já exploramos as evidências prevalecentes que alimentam o primeiro fator. Quanto a este último, o desaparecimento da tradicional família extensa, por um lado e, por outro, o aparecimento da televisão – a qual, com frequência, subistitui as íntimas relações da família e isola o indivíduo ainda mais do que o rodeia – aumentará a susceptibilidade ao estresse e ao tédio em um mundo competitivo.
 
(A-M. Ghadirian, “Envelhecer-Desafios e Oportunidades”; George Ronald, 1991; livre tradução.)
O Dr. Ghadirian, é professor de psiquiatria na Faculdade de Medicina da McGill University e psiquiatra chefe no Royal Victoria Hospital e Douglas Hospital, Montreal/Canadá.
 
 

terça-feira, 1 de abril de 2014

Liberdade negativa e Direito Positivo


Por Ernaldina Sousa Silva Rodrigues


É de fundamental importância para o gestor público compreender a diferença entre liberdade negativa e direito positivo.


A liberdade negativa delimita a esfera de liberdade dos indivíduos na sociedade civil, enquanto o direito positivo determina a esfera de poder do Estado sobre a sociedade.


Se gozasse de liberdade negativa, o Estado, suas instituições e seus agentes poderiam se tornar tirânicos e cercear completamente a liberdade dos cidadãos. Isso porque o Estado detém o monopólio do uso legítimo da força. É por isso que o Estado e os agentes públicos não gozam de liberdade de ação. Para assegurar que por meio da ação estatal o interesse público seja atingido e a liberdade individual assegurada, o princípio que irá orientar o Direito Público será o de que o Estado será obrigado a fazer exatamente aquilo que a lei mandar; e só poderá fazer o que a lei expressamente autorizar.


Liberdade negativa é “ausência de coerção”, de impedimento, ou seja: é ausência de barreiras que impeçam alguém de realizar algo. O cidadão pode fazer tudo o que a lei não proibir. Todas as pessoas têm o direito de comprar o que quiserem (liberdade negativa), desde que tenham dinheiro (liberdade positiva). Ou seja, o cidadão pode comprar tudo o que quiser, desde que tenha dinheiro. A lei não proíbe que ele compre, mas proíbe o roubo.


Referência:

COELHO, Ricardo Corrêa. O público e o privado na gestão pública / Ricardo Corrêa Coelho. -  Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração / UFSC; [Brasília]: CAPES: UAB, 2009.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

A natureza do domínio exercido pelo Estado sobre a sociedade: apontamentos de leitura

Por Ernaldina Sousa Silva Rodrigues

A teoria liberal defende a ideia de que a vida em sociedade não é o ambiente natural do homem, mas um artifício fundado em um contrato social. Esse contrato que funda a sociedade civil foi precedido por um estado de guerra (exceto para John Locke) e um estado de natureza, no qual as relações humanas eram regidas pelo Direito Natural. Nesse sentido, o Direito Natural constitui a única base legítima do Direito Civil. Sendo assim, somente por meio da razão seria possível conhecer os direitos naturais para, com base neles, estabelecer os fundamentos de uma ordem política legítima. Então, sob a ordem civil os direitos naturais dos indivíduos têm necessariamente de ser preservados. A renúncia a qualquer desses direitos – ainda que voluntária – seria sempre legítima, pois equivaleria à abdicação da própria humanidade.

Para a teoria marxista, antes que surgissem as primeiras civilizações, o modo de produção predominante teria sido o do “Comunismo primitivo”. Neste modo, a humanidade viveria organizada em tribos, não haveria Estado, divisão social do trabalho, classes sociais, nem propriedade. A produção e o consumo seriam produtivos, não havendo excedente de riqueza. No comunismo primitivo, os homens viveriam na mais absoluta igualdade, mas também na escassez e na miséria. A produção de um excedente econômico só seria possível a partir da invenção da agricultura e da divisão social do trabalho, que traria consigo a divisão do grupo social em diferentes classes, as quais, por sua vez, iriam se apropriar de forma distinta da riqueza produzida, ensejando assim o surgimento de uma classe dominante sobre uma ou mais classes dominadas. Seria a partir desse momento que surgiria o Estado com a função de garantir a dominação de classe. Sendo assim, a natureza desse domínio se faz para atender aos interesses econômicos de uma determinada classe, a burguesia.

Referência: 

COELHO, Ricardo Corrêa. Estado, governo e mercado / Ricardo Corrêa Coelho. - Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração / UFSC; [Brasília]: CAPES: UAB, 2009.


terça-feira, 7 de maio de 2013

Capitalismo e liberdade: apontamentos de leitura



Por Ernaldina Sousa Silva Rodrigues


Milton Friedman, economista,  nasceu no dia 31 de julho de 1912, em uma família judia no bairro do Brooklyn, na cidade de Nova York. Seus pais vieram da cidade de Beregovo, na região da Transcarpácia, na Ucrânia. Obteve seu PhD na Universidade Columbia em 1946 e foi professor de economia na Universidade de Chicago entre 1946 e 1976.[1] 

Publicou dezenas de livros e artigos. Os mais famosos são: "A Theory of the Consumption Function [Uma Teoria da Função do Consumo]"; "The Optimum Quantity of Money and Other Essays [A Melhor Quantidade de Dinheiro e Outros Ensaios]"; "A Monetary History of the United States [Uma História Monetária dos Estados Unidos]"; "Monetary Statistics of the United States [Estatísticas Monetárias dos Estados Unidos]" e "Monetary Trends in the United States and the United Kingdom [Tendências Monetárias nos Estados Unidos e no Reino Unido]". Os três últimos foram escritos junto com A. J. Schwartz.[2]

Os textos Relação Entre Liberdade Econômica e Liberdade Política, Papel do governo numa Sociedade Livre e o Papel do Governo na Educação, fazem parte do livro Capitalismo e Liberdade de Milton Friedman. 

No capítulo I Relação Entre Liberdade Econômica e Liberdade Política (FRIEDMAN, 1982, p. 17-28), o autor trata da ilusão da liberdade individual por meio de determinada organização política, da relação existente entre economia e política, da possibilidade de combinações entre determinadas organizações econômica e política e da impossibilidade de uma sociedade socialista também ser democrática no sentido de garantir a liberdade individual. Aponta duas formas de coordenar as atividades econômicas das pessoas: por meio da cooperação voluntária ou pela coerção. Afirma que a liberdade política significa ausência de coerção sobre um homem por parte de seus semelhantes (Ibid., p. 23). A ameaça estaria no uso do poder de  coerção; e a preservação da liberdade requer a eliminação, dispersão e distribuição do poder, já que o poder econômico pode ser amplamente dispersado e o poder político é mais difícil de descentralizar (Ibid., 23-4). Alerta para a separação entre poder econômico e poder político. Finaliza o capítulo afirmando que os socialistas e os comunistas estariam negando a liberdade e seriam os inimigos do mercado livre (Ibid., p.28), do capitalismo, citando e comentando os exemplos da experiência de Winston Churchill e da lista negra de Hollywood (Ibid., p. 26-8). 

No capítulo II Papel do governo numa Sociedade Livre (Ibid., 29-41), Friedman  discute o papel do governo que legisla, arbitra, determina as regras do jogo do mercado, age tendo por base o monopólio técnico e os efeitos laterais e suplementa o paternalismo na proteção dos irresponsáveis. O Estado é o árbitro no jogo econômico. De forma clara, Friedman discute a relação do governo com o monopólio e cita exemplos dessa ação nos Estados Unidos. No Brasil, podemos citar como exemplo o monopólio do serviço postal, de energia elétrica e do petróleo como atividades desempenhadas pelo governo brasileiro. O papel do governo seria regular ou produzir diretamente bens e serviços? 

No capítulo VI, Papel do Governo na Educação (FRIEDMAN, 1982, p. 83-100), o autor destaca o papel do governo na educação geral dos cidadãos, na instrução em nível superior e na preparação vocacional e profissional, enfocando aspectos sobre instrução e educação. Analisa a intervenção do governo na educação, discutindo os efeitos laterais como circunstâncias sob as quais a ação de um indivíduo impõe custos significativos a outros indivíduos pelos quais não é possível forçar uma compensação... e o interesse paternalista pelas crianças e por outros indivíduos irresponsáveis (Ibid., p. 83). Expõe os diversos níveis de ensino e formula decisões políticas para a sua realização. Discorre sobre um mínimo de educação geral para os cidadãos, o subsídio governamental para a instrução primária, o valor econômico do indivíduo na instrução secundária, a impossibilidade de uma nacionalização da instrução de nível superior e a qualificação dos recursos humanos na preparação vocacional e profissional. 

O autor tem uma linguagem clara e fluente. Os textos construídos por Friedman se configuram como fonte de avaliação sobre o capitalismo e o socialismo, tendo por base a liberdade individual e coletiva, de mercado e governamental. Sendo assim, até que ponto somos realmente livres? Somos livres ou somos escravos de um sistema sustentado pelo Governo? A sociedade é considerada democrática e regulada pelo capitalismo e pelo mercado. Friedman propõe um programa liberal sustentado pelo capitalismo no controle de todas as ações do Estado. 

Minha expectativa é de que os textos possam contribuir para a discussão sobre as relações entre Estado Capitalista e sociedade, fornecendo subsídios para que os profissionais da área de ensino compreendam as questões propostas e seus efeitos na área educacional. 

Referência 

FRIEDMAN, Milton. Capitalismo e liberdade. São Paulo: Nova Cultura, Coleção Os Economicistas, 1982, Caps. I e II.







[2] Ibid. Acesso em 25 jun. 2007.