terça-feira, 9 de setembro de 2014

Brasil dá mais do PIB para educação que países ricos, mas gasto por aluno é pequeno


O Brasil já destina mais do seu PIB para educação do que os países ricos, mas o gasto por aluno ainda é pequeno, pelo que indica um novo estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico OCDE).

O Brasil aparece em penúltimo no ranking de investimento por alunos no relatório, lançado nesta terça-feira, que compara resultados dos 34 países da organização, que reúne países ricos, e outros dez países em desenvolvimento.

A educação de um brasileiro é feita com um terço do valor gasto com um estudante dos países ricos, em média, diz a OCDE. Mas o Brasil tem um número alto de alunos; quando o investimento é dividido pelo número de estudantes, ele se dilui.

Segundo especialistas ouvidos pela BBC Brasil, o alto grau de repetência e evasão acaba inflando o número de alunos. A baixa qualidade do ensino também sobrecarrega o sistema.

Dentro dos gastos públicos totais do Brasil, a educação até recebe uma atenção grande: em 2011, 19% de todo o gasto público do Brasil foi destinado para a educação. A média da OCDE é de 13%. O gasto público total em educação representou 6,1% do PIB, quando a média da OCDE é de 5,6%.

Porém, quando divide-se o gasto pelo total de alunos, o país fica em penúltimo lugar. Gastou US$ 2.985 por estudante, enquanto a média da OCDE é de US$ 8.952.

Matrículas
O Brasil têm muitos estudantes, principalmente nos ensinos fundamental e médio, onde as matrículas cresceram nos últimos anos. Nesses dois níveis de ensino estão matriculados 84,5% dos estudantes, mas a eles são destinados 75% dos gastos em educação.

Segundo o relatório, as instituições públicas gastam 4 vezes mais por aluno do ensino superior do que do ensino fundamental - é a maior diferença entre todos os países que têm dados disponíveis.

O professor Naércio Menezes, do Insper, diz que a discrepância ocorre também porque o Brasil ter um PIB menor do que diversos países da OCDE - ou seja, uma mesma porcentagem do PIB resulta em menos dólares no Brasil do que nos Estados Unidos, por exemplo.

Dessa forma, segundo ele, a melhor comparação é com o PIB per capita, que leva em conta o tamanho da população. Nessa conta, o Brasil fica atrás dos países ricos.

"Mas mais importante do que o gasto com educação é o resultado em termos de aprendizado. Quando fazemos essa conta, vemos que o Brasil gerencia muito mal esses recursos educacionais. Em matemática, por exemplo, 67% dos nossos alunos estão abaixo do nível 2 do PISA (exame internacional que avalia o nível de aprendizagem). Assim, precisamos mudar rapidamente a gestão dos recursos educacionais no Brasil", afirma.

Já Francisco Aparecido Cordão, do Conselho Nacional de Educação, diz que o Brasil precisa gastar mais que os países desenvolvidos porque eles "já fizeram o dever de casa" - ou seja, estão muito mais avançados em educação que o Brasil.

"Quatro porcento das nossas crianças com 8 anos de idade, embora tenham tido acesso ao ensino fundamental, não sabem ler e escrever. Mais da metade das crianças e adolescentes que concluíram o ensino médio ainda são analfabetos fundamentais. O Ideb mostra melhora, mas nosso resultados ainda estão muito longe dos da OCDE".

Com isso, afirma, precisamos investir mais que outros países, tanto para capacitar nossos professores quando para recuperar esses alunos que não aprenderam. "O aluno que repete de ano, por exemplo, é um dinheiro jogado no lixo. Ele precisar aprender e passar de ano, porque fazer duas vezes a mesma série é jogar dinheiro no lixo."

Para Cordão, o plano que destina 10% do PIB para a educação pode "ajudar a saldar uma dívida que países da OCDE já pagaram".

Diploma
O relatório da OCDE também destaca que adultos com ensino superior no Brasil ganham 2,5 vezes mais do que aqueles que cursaram apenas o ensino médio. Essa diferença nos rendimentos é maior que a média da OCDE e a segunda maior entre todos os países analisados.

A análise também mostra uma peculiaridade brasileira: quem não fez ensino médio tem mais chances de conseguir emprego do que quem fez. Em 2012, a taxa de desemprego para quem tinha ensino médio foi de 5,1%, e para quem tinha menos do que isso foi de 4,1%. Esses números não levam em conta o salário que cada pessoa recebe - além disso, a menor taxa de desemprego é para quem fez ensino superior (2,9%).

A OCDE também mostrou que, no Brasil, o número de jovens que não estudam nem trabalham, conhecidos como os "nem-nem", se manteve estável desde 2005, mas ainda é maior que a média dos países ricos (20% no Brasil e 15% nos países da OCDE).

Estrangeiros
O estudo da OCDE mostra também que as universidades do Brasil têm o menor percentual de estudantes estrangeiros entre todos os países analisados. Eles são menos de 0,5% das matrículas do ensino superior e, desses, 27% vem de países que também falam português. "Não é surpresa, visto que o Brasil não oferece quase nenhum curso completo em inglês no nível superior", afirma o documento.

Os principais rankings internacionais costumam considerar o número de estudantes estrangeiros - a lógica é que essa diversificação dos alunos beneficia o ambiente universitário para aprendizagem e pesquisa.

O relatório também mostra que 23% dos estudantes brasileiros em faculdades no exterior estão nos Estados Unidos, 18% em Portugal e 10% na França.
 

Respostas Individuais ao Estresse

Em qualquer mecanismo para lidar com e responder ao estresse há, pelo menos, dois elementos básicos envolvidos: a pessoa e a fonte de estresse e sua intensidade. A atitude de uma pessoa para com o estresse e o sofrimento irá decidir em muito o êxito que terá no futuro ao lidar com ele. Se a pessoa recebe bem sua presença como “tempero da vida” e crê que sem estresse a vida é monótona, este “tempero” pode ser necessário! Mas se vê o estresse como um vírus malígno que está pronto para atacar, a pessoa pode ter muita dificuldade em lidar com ele.

O estresse psicológico pode ter origem dentro do indivíduo, como acontece quando há conflito interno e preconceito. Pode ser causado por eventos externos tais como injustiça, inflação, desemprego, privação social, poluição atmosférica e ameaça de guerra nuclear. Além disso, cada pessoa possui determinadas necessidades que podem ser física, emocional, social ou espiritual. Quando qualquer uma dessas necessidades é inibida ou frustrada, seja justificadamente ou com muita frequência, os sintomas de estresse ocorrerão.

Há muitos fatores que influenciam a percepção da pessoa de uma resposta ao estresse. E ainda, as pessoas diferem em sua habilidade de responder e se adaptar ao estresse. O que é estresse para um indivíduo pode não ser para outro – pode até mesmo ser percebido como um desafio.

A percepção de uma pessoa de seu meio ambiente como sendo estressante ou ameaçador pode ser tão importante quanto a verdadeira intensidade e caráter da ameaça em si mesma. Linford Rees descreveu um paciente cuja principal queixa era um intenso sentimento de ansiedade. À medida que o psiquiatra começou a contar uma história muito longa, o paciente comentou: “ Posso lhe dizer exatamente qual é o problema. É meu trabalho!”.

O terapeuta respondeu: “Sim, então, fale sobre seu trabalho”. O paciente continuou: “Trabalho em uma loja de frutas”. “O que você faz exatamente?” “Meu trabalho é separar as laranjas grandes das laranjas pequenas.” “Sim”, disse o terapeuta.” “Então, é  isso”, replicou o paciente. “Decidir, decidir, decidir.”

Enquanto a forma e a intensidade de qualquer resposta comportamental ao estresse dependerá em muito da natureza do estresse e das respostas do indivíduo e atitudes culturais, diversos fatores vão influenciar a resposta de uma pessoa ao estresse.

A percepção e interpretação de uma crise ou ameaça pelo indivíduo terá  importante influência na qualidade e extensão da reação para com essa ameaça. Se a pessoa pode dar sentido a um evento ou à uma crise e tirar uma conclusão objetiva que dará novo significado à sua vida, esse evento estressante pode muito bem ser percebido como menos ameaçador. Por exemplo, a religião tem dado certas explicações à humanidade de eventos na vida e história, os quais, de outra forma, poderiam não ser bem entendidos. Essas explicações nos permite dar sentido e obter conforto dos eventos, os quais, de outra maneira, causariam grande tristeza.

A história a seguir ilustra como a dor com relação à morte de uma pessoa amada foi transformada em conforto por ‘Abdu’l-Bahá.

Um dia, uma mulher perguntou a ‘Abdu’l-Bahá se Ele visitaria sua filha doente em ‘Akká, na Terra Santa. Ele foi e levou duas rosas cor-de-rosa que deu à pequena. Então, voltando-Se para a mulher, disse com voz repleta de amor: “Deves ter paciência!” Naquela noite, a criança morreu. Quando a mãe perguntou a ‘Abdu’l-Bahá porquê, Ele disse:

“Existe um jardim que é de Deus. Os seres humanos são árvores que crescem nesse jardim; nosso Pai Celestial é o Jardineiro. Quando o Jardineiro vê uma pequena árvore em um lugar que é muito pequeno para seu desenvolvimento, Ele prepara outro lugar mais apropriado e bonito onde ela possa crescer e dar frutos. Então, Ele transplanta aquela pequena árvore. As outras árvores ficam surpresas e dizem: “Esta era uma árvore adorável. Por que o Jardineiro a extirpou?” Somente o Jardineiro Divino sabe a razão.

“Tu estais chorando, porém, se pudesses ver a beleza do lugar onde tua filha está, não ficarias mais triste. Ela está livre agora, como um pássaro, e cantando melodias divinas e de felicidade. “Se pudesses ver por ti mesma esse Jardim sagrado, não te contentarias mais em permanecer na terra. Entretanto, aqui é onde tuas obrigações estão agora.”

Esta explicação do significado da morte e da vida além dela deu uma nova visão àquela mãe e abrandou sua tristeza. A morte de sua filha se tornou fez mais sentido e, com isto, menos dolorosa.

Diferentes indivíduos responderão de diferentes maneiras aos mesmos fatores que causam estresse (estressores). As respostas serão qualitativa e quantitativamente diferentes dependendo da personalidade de cada indivíduo. Por exemplo, a perda de emprego é um fator estressante. Algumas pessoas ficarão deprimidas, enquanto outras podem ficar estimuladas a seguir uma nova carreira. Uma pessoa cuja vida tem sido caracterizada por passividade e resignação terá uma resposta diferente daquela que reage obsessivamente a cada detalhe dos eventos do dia a dia. Semelhantemente, aqueles que abrigam um sentimento de desconfiança ou mesmo paranóia reagirá de modo diferente às ameaças comparados àqueles que alcançaram relacionamentos baseados na confiança em suas vidas.

As pessoas vivenciam o estresse de maneiras diferentes. O estresse devido ao envelhecimento é algo a ser considerado. O aniversário de uma pessoa pode ser uma fonte de alegria ou agonia dependendo da expectativa do indivíduo e do que o aniversário representa. Uma mulher que acabara de fazer 37 anos, me procurou para fazer tratamento de depressão. Ela se sentia frustrada e com raiva de um mundo “injusto” e demonstrava raiva de homens “insensíveis”. Ela era uma advogada bem sucedida e respeitada socialmente. Porém, estava insatisfeita consigo mesma e com seu trabalho e sentia que o tempo estava passando para ela. No decorrer do tratamento, revelou diversas decepções que enfrentou em seus relacionamentos, os quais todos falharam em terminar em casamento. Ela estava perturbada com o fato de que estava fazendo 37 anos, ainda não havia se casado e logo chegaria ao final da idade de ter filhos. Cada aniversário representava, a seus olhos, sua incapacidade de realizar seu sonho de se tornar esposa e mãe. Para ela, envelhecer era percebido como uma estrada para um destino velado sem esperança de ser cumprido. Em contraste a esta, está uma mulher de 45 anos, casada, mãe de três crianças em idade escolar e mantenedora da família porque seu marido estava desempregado. Ela não tem tempo para se preocupar com o envelhecimento! A ansiedade dela se originava de seu medo de perder o emprego. Os aniversários, seu e de outros membros da família, eram uma fonte de alegria e um motivo para comemorar. Envelhecer para ela era uma série de marcos ao longo de uma estrada repleta de eventos, cada dia trazendo seus próprios desafios e triunfos. Estes dois exemplos de reações ao estresse do envelhecimento salientam o fato de que não é somente as circunstâncias da vida de uma pessoa, mas também sua atitude que determinam como o envelhecimento é percebido. No primeiro exemplo, se aquela mulher tivesse encontrado sentido e propósito em seu trabalho e aceitado seu destino espiritual, envelhecer, para ela, teria sido bem diferente.

(A. M. Ghadirian, “Envelhecer-Desafios e Oportunidades”; George Ronald, 1991; livre tradução.)

O Dr. Ghadirian, é professor de psiquiatria na Faculdade de Medicina da McGill University e psiquiatra chefe no Royal Victoria Hospital e Douglas Hospital, Montreal/Canada.

Fonte:  http://daquiprafrente.com/2014/08/respostas-individuais-ao-estresse-a-m-ghadirian/

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Capacidades Morais – L. M. Noguchi, H. Hanson & P. Lample

Os blocos da construção das estruturas morais de uma pessoa são qualidades, atitudes, competências e habilidades, bem como o conhecimento e a compreensão de conceitos morais essenciais. A tarefa básica da educação moral é analisar essas virtudes e, em seguida, elaborar padrões de ação e atividades educacionais específicas que promovam seu desenvolvimento em cada fase de crescimento desde a mais tenra infância. Os autores gostariam de propor que as virtudes, ao invés de serem analisadas individualmente, sejam analisadas ​​em grupos correlacionados, organizados em torno de capacidades morais.

O termo “capacidades”, como usado aqui, denota uma capacidade desenvolvida para realizar ações intencionalmente em um campo bem definido de atuação. No campo da agricultura, por exemplo, a capacidade de produzir uma determinada safra ano após ano exige que o agricultor entenda conceitos fundamentais de agricultura, possua competências e habilidades que constituem boas práticas agrícolas e tenha uma atitude positiva em relação à ciência e inovação. Da mesma forma, a capacidade moral resulta da interação de certas qualidades relacionadas, habilidades, atitudes e conhecimentos que permitem a uma pessoa fazer escolhas morais. Ao concentrar a atenção no desenvolvimento das capacidades morais – no que as pessoas devem ser capazes de fazer a fim de atingir o duplo objectivo de transformação pessoal e social -, espera-se que a tendência de se reduzir a educação moral a sermões sobre virtudes e bom comportamento seja aqui evitada.

Uma capacidade moral indispensável para a construção de uma civilização do mundo é a de construir a unidade. Em uma época em que o conflito se tornou um modo aceitável de operação, ser um construtor de unidade requer muito mais do que uma personalidade gentil e agradável. Exige, entre outras coisas, um esforço constante para combater o preconceito com integridade inflexível, sensibilidade e compaixão. Invoca a capacidade de identificar aspectos comuns, por mais tênues, e construir sobre eles. Requer a habilidade de ajudar as pessoas a deixar de lado as divergências menores, a fim de alcançar a unidade dentro de contextos cada vez maiores.

Dentre as capacidades necessárias para reformar e manter as relações essenciais referidas no ponto anterior estão contribuir para o desenvolvimento de uma família unida e amorosa como criança, como cônjuge e como pai; transcender e corrigir as relações de dominação; e, interagir de forma harmoniosa com a natureza, preservando-a e fazendo uso racional de seus recursos. Outras capacidades morais que merecem atenção especial incluem lidar com os demais de acordo com as exigências da retidão inabalável; avaliar oportunidades e selecionar meios para explorá-las com uma visão livre do auto-interesse, o qual encobre a verdade; sustentar e defender as vítimas da opressão; oferecer consolo ao estranho e ao que sofre; e, trazer alegria aos tristes e enlutados.

Uma enumeração de todas as capacidades morais que um processo de educação moral precisa analisar estaria além do escopo deste artigo. …
(Livre tradução)
“Exploring a Framework for Moral Education”, Lori McLaughlin Noguchi, Holly Hanson & Paul Lample; Palabra Publications, 1992.

Fonte:  http://daquiprafrente.com/2014/08/capacidades-morais-l-m-noguchi-h-hanson-p-lample/

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Atitudes da Sociedade para com o Estresse

As crenças da sociedade, expectativas e valores culturais terão uma forte influência nas respostas do indivíduo ao estresse e crises da vida. A cultura norte americana, por exemplo, valoriza as realizações competitivas como uma medida importante de sucesso e desempenho. Nesta sociedade, o sucesso material é altamente louvado enquanto falhar se tornou um indicador de culpa e ansiedade. Assim, em uma situação estressante, qualquer coisa que ameace o desempenho do indivíduo se torna uma fonte de medo e angústia. De fato, a competição entre estudantes universitários é assinalada como não somente a causa de principais experiências estressantes, mas também, como uma razão para solidão e isolamento.
 
Outra característica da cultura ocidental é a obsessiva busca pela juventude, o esforço para permanecer jovem e atraente. As mulheres são valorizadas por sua beleza e aparência juvenil a tal ponto que, à medida que envelhecem, sentem que devem esconder a idade e a verdadeira aparência. O próprio envelhecimento é menosprezado e intensamente negado.
 
Nas sociedades em que há ênfase excessiva ao apego a coisas materiais e sucesso material como as principais fontes de felicidade, as pessoas podem se tornar mais vulneráveis ao estresse. Tais apegos fazem com que abandonar excessos materiais seja mais difícil. Da mesma forma, quanto mais as pessoas se tornam dependentes do poder material como uma fonte de segurança e satisfação, mais serão suscetíveis ao estresse da insegurança. Por outro lado, se o poder material é subordinado ao poder espiritual, então, a humanidade logra alcançar maior segurança.
 
O avanço da tecnologia moderna mudou nossa percepção da realidade do estresse e sofrimento. Agora esperamos ter conforto e segurança em todas os aspectos de nossas vidas. Isto, por sua vez, tornou a tarefa de lidar com o estresse mais difícil. Com as modernas descobertas científicas, experimentamos um sentimento ilusório de onipotência e poder de conquistar o universo.
 
Em tal ambiente, falhar em dominar as circunstâncias da vida se torna uma fonte de ansiedade. Alguns eventos são tão estressantes que se tornam como crises, além do controle humano. Os indivíduos que se sentem compelidos a controlar todos os aspectos da vida irão descobrir que é uma tarefa impossível. A incidência do alcoolismo, o uso das drogas, suicídio e violência em algumas sociedades podem, em parte, refletir este dilema. A necessidade de se ter um certo grau de controle sobre si mesmo e o ambiente é compreensível e necessária, mas quando se permite que essa necessidade aumente excessivamente, torna-se destrutiva.
 
Na cultura norte-americana existem dois fatores que contribuem para o perfil do indivíduo de personalidade propensa ao estresse: primeiro, a orientação para a competição e a realização no trabalho e na sociedade; e, segundo, o isolamento e a solidão no lar. Nós já exploramos as evidências prevalecentes que alimentam o primeiro fator. Quanto a este último, o desaparecimento da tradicional família extensa, por um lado e, por outro, o aparecimento da televisão – a qual, com frequência, subistitui as íntimas relações da família e isola o indivíduo ainda mais do que o rodeia – aumentará a susceptibilidade ao estresse e ao tédio em um mundo competitivo.
 
(A-M. Ghadirian, “Envelhecer-Desafios e Oportunidades”; George Ronald, 1991; livre tradução.)
O Dr. Ghadirian, é professor de psiquiatria na Faculdade de Medicina da McGill University e psiquiatra chefe no Royal Victoria Hospital e Douglas Hospital, Montreal/Canadá.
 
 

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Plano Nacional de Educação (2011-2020): principais metas

EDUCAÇÃO INFANTIL
- Ter 100% das crianças de 4 e 5 anos matriculadas na pré-escola até 2016 e 50% das crianças com até três anos matriculadas em creches nos próximos dez anos.

ENSINO FUNDAMENTAL
- Fazer com que todas as crianças de 6 a 14 anos estejam matriculadas no ensino fundamental de 9 anos, e garantir que, em um prazo de dez anos, pelo menos 95% delas concluam o fundamental na idade recomendada.
- Alfabetizar todas as crianças até o fim do terceiro ano do ensino fundamental.

ENSINO MÉDIO
- Atendimento escolar para 100% dos adolescentes entre 15 a 17 anos até 2016 e elevar, em até dez anos, a taxa líquida de matrículas dessa faixa etária no ensino médio para 85%.
- Em até dez anos, triplicar o número de matrículas educação profissional técnica de nível médio, garantindo a qualidade; no mesmo período, aumentar em pelo menos 50% a oferta de matrículas no segmento público de educação profissional.

ENSINO SUPERIOR
- Elevar a taxa bruta de matrícula da educação superior para 50% da população entre 18 a 24 anos, assegurando a qualidade, e expandir as matrículas no setor público em pelo menos 40%.
- Garantir que pelo menos 75% dos professores da educação superior sejam mestres e 35%, doutores.
- Ampliar as matrículas na pós-graduação stricto sensu para atingir a titulação anual de 60 mil mestres e 25 mil doutores.

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
- Aumentar a escolaridade média da população de 18 a 29 anos, alcançando, em até dez anos, a média de 12 anos de estudo para as populações do campo e dos 25% mais pobres; além disso, igualar a escolaridade média entre negros e não-negros.
- Reduzir para 6,5% a taxa de analfabetismo da população maior de 15 anos até 2015 e erradicá-la em até dez anos; no mesmo período, reduzir a taxa de analfabetismo funcional pela metade.
- Garantir que pelo menos 25% das matrículas da educação de jovens e adultos (EJA) seja integrada à educação profissional.

QUALIDADE E INCLUSÃO
- Oferecer educação em tempo integral para pelo menos 25% dos alunos do ensino básico em pelo menos 50% das escolas públicas.
- Fomentar a qualidade da educação, com melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem, para atingir, em 2021, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 6,0 nos anos iniciais do fundamental, de 5,5 nos anos finais do fundamental e de 5,2 no ensino médio.
- Garantir que todas as crianças e adolescentes de 4 a 17 anos com necessidades especiais tenham acesso à educação básica com atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino.

PROFESSORES
- Criar, em até um ano, uma política nacional de formação de professores para assegurar que todos os professores da educação básica possuam curso de licenciatura de nível superior na área de conhecimento em que atuam.
- Formar, em até dez anos, 50% dos professores da educação básica em nível de pós-graduação, e garantir que 100% dos professores tenham curso de formação continuada.
- Equiparar, em até seis anos, os salários dos professores das redes públicas de educação básica ao dos demais profissionais com escolaridade equivalente.
- Criar, em até dois anos, planos de carreira para os professores do ensino básico e superior das redes públicas, tomando como base o piso salarial nacional. 

INVESTIMENTO
- Em até dois anos, dar condições para a efetivação da gestão democrática da educação, com critérios de mérito e desempenho e consulta pública à comunidade escolar.
- Atingir, em até dez anos, o investimento do equivalente a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) na educação pública.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Plano Nacional de Educação (PNE) 2011-2020

Em 9 de janeiro de 2001, no governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso, foi sancionada a Lei nº 10172, responsável pela aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE). Tal documento, criado a cada dez anos, traça diretrizes e metas para a educação em nosso país, com o intuito de que estas sejam cumpridas até o fim desse prazo.

O primeiro PNE foi elaborado em 1996, para vigorar entre os anos de 2001 a 2010. Além de possuir diversas metas, dificultando o foco em questões primordiais, estas não eram mensuráveis e não apresentavam, por exemplo, punições para aqueles que não cumprissem o que foi determinado. Além disso, algumas questões importantes foram vetadas pela presidência, como o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) direcionado para a educação, em 3%, em razão das dificuldades econômicas vigentes no segundo mandato do presidente em exercício; e a responsabilidade pela educação, mesmo a pública, foi colocada como uma tarefa de todos, descentralizando a responsabilidade do Estado quanto a isso – embora tal descentralização não tenha ocorrido, por exemplo, no que tange às decisões, que poderiam ser compartilhadas considerando as pontuações e vontade dos diversos segmentos sociais do nosso país. Aliás, é válido frisar que a lei referida no primeiro parágrafo deste artigo foi originada a partir da pressão social de várias entidades, predominantemente constituídas por educadores, profissionais da educação, pais de alunos e estudantes.

No que se refere ao novo PNE, que contempla os anos de 2011 a 2020, seu projeto de lei foi enviado pelo governo federal ao Congresso em 15 de dezembro de 2010. Este documento é mais sucinto, e também quantificável por estatísticas, podendo facilitar a sua execução e também fiscalização. Tal fato também permite com que ele seja discutido nas escolas, aumentando as chances de seus objetivos serem, de fato, compreendidos e também alcançados.
 
Suas diretrizes são as seguintes:
I - erradicação do analfabetismo;
II - universalização do atendimento escolar;
III - superação das desigualdades educacionais;
IV - melhoria da qualidade do ensino;
V - formação para o trabalho;
VI - promoção da sustentabilidade socioambiental;
VII - promoção humanística, científica e tecnológica do País;
VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto interno bruto;
IX - valorização dos profissionais da educação;
X - difusão dos princípios da equidade, do respeito à diversidade e a gestão democrática da educação.

Quanto às metas, são elas:
Meta 1: Universalizar, até 2016, o atendimento escolar da população de 4 e 5 anos, e ampliar, até 2020, a oferta de educação infantil de forma a atender 50% da população de até 3 anos.

Meta 2: Universalizar o ensino fundamental de nove anos para toda população de 6 a 14 anos.

Meta 3: Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos e elevar, até 2020, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85%, nessa faixa etária.

Meta 4: Universalizar, para a população de 4 a 17 anos, o atendimento escolar aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na rede regular de ensino.

Meta 5: Alfabetizar todas as crianças até, no máximo, os oito anos de idade.

Meta 6: Oferecer educação em tempo integral em 50% das escolas públicas de educação básica.

Meta 7: Atingir as seguintes médias nacionais para o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica):

IDEB 2011 2013 2015 2017 2019 2021
Anos iniciais do ensino fundamental 4,6 4,9 5,2 5,5 5,7 6,0
Anos finais do ensino fundamental 3,9 4,4 4,7 5,0 5,2 5,5
Ensino médio 3,7 3,7 4,3 4,7 5,0 5,2
 
Meta 8: Elevar a escolaridade média da população de 18 a 24 anos de modo a alcançar mínimo de 12 anos de estudo para as opulações do campo, da região de menor escolaridade no país e dos 25% mais pobres, bem como igualar a escolaridade média entre negros e não negros, com vistas à redução da desigualdade educacional.

Meta 9: Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até 2015 e erradicar, até 2020, o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional.

Meta 10: Oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de educação de jovens e adultos na forma integrada à educação profissional nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio.

Meta 11: Duplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta.

Meta 12: Elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, assegurando a qualidade da oferta.

Meta 13: Elevar a qualidade da educação superior pela ampliação da atuação de mestres e doutores nas instituições de educação superior para 75%, no mínimo, do corpo docente em efetivo exercício, sendo, do total, 35% doutores.

Meta 14: Elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu de modo a atingir a titulação anual de 60 mil mestres e 25 mil doutores.

Meta 15: Garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, que todos os professores da educação básica possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam.

Meta 16: Formar 50% dos professores da educação básica em nível de pós-graduação lato e stricto sensu, garantir a todos formação continuada em sua área de atuação.

Meta 17: Valorizar o magistério público da educação básica a fim de aproximar o rendimento médio do profissional do magistério com mais de onze anos de escolaridade do rendimento médio dos demais profissionais com escolaridade equivalente.

Meta 18: Assegurar, no prazo de dois anos, a existência de planos de carreira para os profissionais do magistério em todos os sistemas de ensino.

Meta 19: Garantir, mediante lei específica aprovada no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a nomeação comissionada de diretores de escola vinculada a critérios técnicos de mérito e desempenho e à participação da comunidade escolar.

Meta 20: Ampliar progressivamente o investimento público em educação até atingir, no mínimo, o patamar de 7% do produto interno bruto do país.

Vale lembrar que todas essas metas apresentam alguns subitens, referentes às estratégias de ação.

Por Mariana Araguaia
Bióloga, especialista em Educação Ambiental
Equipe Brasil Escola

Fonte:  http://educador.brasilescola.com/politica-educacional/plano-nacional-educacao-pne.htm

Obs.: O Plano Nacional de Educação (PNE) foi sancionado pela Presidente Dilma Rousseff no dia 25 de junho de 2014, depois de três anos e meio tramitando no Congresso Nacional.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

"10 reflequições" com Millôr Fernandes


I- Todo mundo viaja. Poucos chegam Lá.  
II- As guerras acabam. Mas as ruas nunca ficam prontas.  
III- Tinha um ar soberbo. Totalmente poluído.  
IV- Dizia "Minha cara metade", como quem reclama do preço.  
V- Confesso: sou pior sozinho do que mal acompanhado. 
VI- Repara: quando você aprende uma palavra nova, ela aparece em todos os lugares.  
VII- Solitário dorme sozinho. Rejeitado acorda sozinho.  
VIII- Mostrei-lhe a lua no horizonte, redonda, linda. Mas ela prefere o Faustão.
IX- Não há pessoa mais chata do que você mesmo. Fuja da solidão.
X- Fica frio, amigo, não foi o brasileiro o inventor da corrupção. Baseado no mais profundo ensinamento da minha religião, a corrupção começou no Princípio dos Princípios, justamente no Jardim do Éden. Quando os dois proto-Safados, corrompidos pela Serpente, desrespeitaram a Lei do Senhor e comeram o Fruto da Ciência do Bem e do Mal, o desrespeito espantoso ficou conhecido como A Queda. Mas não passou assim pelo Todo (como era conhecido o Todo-Poderoso), que condenou os três culpados por uso indevido de bem público e formação de quadrilha. Logo o Anjo Gabriel, executor das ordens do Supremo, expulsou Adão e Eva do Paraíso, obrigando-os a viver na periferia, a leste do Éden. Mas a Serpente, misteriosamente, nunca foi punida.

http://www2.uol.com.br/millor/aberto/textos/005/001.htm