quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

2014: A mordida do leão


Do Portal do Estadão

"Nova tabela do IR aumenta cobrança de impostos sobre salários.
[...]

Pela nova tabela, passam a ser dispensados do pagamento do imposto os empregados que recebem até R$ 1.787,77. Atualmente, o tributo não é cobrado de quem ganha até R$ 1.710,78. 

A alíquota de 7,5% passa a ser aplicada para quem receber entre R$ 1.787,78 e R$ 2.679,29. Já o desconto de 15% passa a ser aplicado sobre a faixa salarial de R$ 2.679,30 até R$ 3.572,43. A alíquota de 22,5% valerá em 2014 para quem recebe salários entre R$ 3.572,44 e 4.463,81. Por fim, a alíquota máxima, de 27,5%, vai incidir sobre vencimentos superiores a R$ 4.463,81. "

Leia a o texto completo em: <http://economia.estadao.com.br/noticias/economia-geral,nova-tabela-do-ir-aumenta-cobranca-de-impostos-sobre-salarios,173893,0.htm>

 

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

As pessoas são como a lua



Por William Sears
 
"Porque é que vocês humanos ficam tão bonzinhos durante duas semanas aqui no parque na época do Natal, e tão miseráveis no resto do ano? A maioria das pessoas que vem aqui durante o ano se parece com algas marinhas, mas no Natal.. com madressilvas! Como você explica isso?

As pessoas são como a lua [...]. A lua não tem luz própria. Retira tudo do sol. Quando a lua está virada para a terra é sua parte escura - não reflete luz. Porém, quando a lua desvia-se da terra e vira para o sol, vai gradualmente ficando linda. Primeiro é um fio de prata; então é um-quarto de lua, metade, três-quartos; até que finalmente quando está de costas para a terra e fica direto à frente do sol, torna-se uma grande, redonda, brilhante lua cheia. E é nesse momento que derrama toda sua luz sobre este mundo escuro.

[...]

É assim também com as pessoas [...] Quando seus corações estão voltados para as coisas materiais deste mundo, elas são escuras. Não há luz em seus rostos ou seus corações. Mas quando elas desviam-se das coisas materiais e voltam-se para Deus, tornam-se claras e brilhantes por dentro. Na época do Natal por poucos e breves dias esquecem-se das coisas mundanas e voltam-se para Sua Santidade o Cristo, trazendo um novo espírito ao mundo e por momentos fugazes fazendo dele um lugar muito bom para se viver."

William Sears, A Graça de Deus.

sábado, 21 de dezembro de 2013

O Primeiro da Classe (Front of the Class): exemplo de superação



O filme 'Primeiro da Classe' é um drama familiar sobre um homem com síndrome de Tourette que desafia a todos a se tornar um excelente professor.

Desde a infância, Brand foi humilhado na escola por alunos e também por sua professora por ter Síndrome de Tourette. Não teve também a aceitação do pai, que dizia, igual a sua professora, que ele podia controlar todos os movimentos involuntários causados pela Tourette. Uma amiga da família até sugeriu que ele fosse exorcizado. Os médicos nada sabiam sobre a sua doença, até que sua mãe resolveu pesquisar e descobriu que ele sofria de Síndrome de Tourette e passou a ajudá-lo. Já adulto, Brand tentou arrumar emprego em 25 escolas que o recusaram pelos tiques e barulhos que fazia.

Super recomendo!

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

A prática patrimonialista na administração pública


Por Ernaldina Sousa Silva Rodrigues

A prática patrimonialista é o tratamento da coisa pública como se fosse privada, particular, familiar. As instituições públicas acabam se tornando patrimônio de seu governante. Ela se apresenta por meio do clientelismo político, da troca de favores, compadrio, barganha, vassalagem, dentre outros. A farra do patrimonialismo é notada em muitos municípios pela contratação de pessoal sem concurso público, gerando empreguismo a pessoas, muitas vezes, sem qualificação para assumir determinados cargos.
 
Os traços de clientelismo, do mau uso do dinheiro público geram atraso, insucessos nas reformas administrativas, abuso e nos deixam reféns de falsos gestores da administração pública. Afetam diretamente a gestão das organizações públicas.
 
Acredita-se que já é possível perceber pequenas vitórias contra o patrimonialismo advindas da aplicação do modelo gerencial. O caput do artigo 37 da Constituição Federal, com redação dada pela Emenda Constitucional nº 19/98, resultou na inclusão do conceito de eficiência, como marco de mudança no discurso gerencial.
 
Outra vitória é o § 7º do artigo 39 que permite perceber desde a orientação pela racionalização de gastos via contenção de despesas correntes até a explícita proposição de programas de qualidade, passando pela indicação de ação gerencial orientada pela concessão de prêmios de produtividade.
 
Não sei se poderia chamar de derrota, mas o autor destaca a perda de oportunidade de incluir os conceitos de eficácia e de efetividade relacionados à noção de qualidade, com pontos de destaques no campo da Administração Pública a exemplo do princípio da eficiência.
 
Outro ponto em destaque é que a eficiência está firmemente alicerçada no pressuposto clássico (taylorista-fordista) de homem movido por recompensas de natureza material, notadamente financeiras. Na administração pública é possível perceber forças que restringem o avanço do gerencialismo: o formalismo e o jeitinho.
 
Enquanto o  formalismo se dá pela reação da organização à tensão de conviver com a introdução de objetos culturais e estranhos.  É a (re)interpretação das normas no âmbito da organização, como reação à percepção de conflito entre o real e o prescrito.
 
O jeitinho, por sua vez, é um jeito de resolver dificuldades e agilizar processos sem contrariar  normas, códigos e leis,  por meio da influência de terceiros, simpatia pessoal, agrado pessoal etc. É uma forma de negar a Norma.
 
O jeitinho e o formalismo são recursos de resistência cultural frente a incompatibilidade das tecnologias gerenciais à realidade organizacional do setor público. O acentuado formalismo facilita a prática do jeitinho e dificulta e/ou retarda o cumprimento das leis, gerando a desigualdade social e a descrença no serviço público.

Referência:
 
BERGUE, Sandro Trescastro. Cultura e mudança organizacional / Sandro Trescastro Bergue. – Florianópolis : Departamento de Ciências da Administração / UFSC; [Brasília] : CAPES : UAB, 2010

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Exogenia

Por Ernaldina Sousa Silva Rodrigues

Segundo o dicionário Aurélio, exógeno é “originado no exterior do organismo, ou por fatores externos”. Para Caldas (1997 apud Bergue, 2010) é a “[...] nossa fixação com o que vem de fora, do outro.”: o distanciamento de “nós mesmos”.  No cotidiano do brasileiro comum, das empresas e também da Administração Pública a exogenia pode ser definida como a  influência estrangeira na produção intelectual (na formação profissional, inclusive de agentes públicos) e nos elementos culturais que moldam as práticas gerenciais vigentes, com acentuada ênfase no campo da gestão. Esta influência é interpretada de forma elástica, ou seja, para todo conhecimento que advém de “fora” das fronteiras organizacionais.

Nesse sentido, a exogenia se dá  por meio da importação da cultura estrangeira, da importação do conhecimento gerencial: inspiração teórica e temáticas orientadoras dos estudos envolvendo o fenômeno da produção do conhecimento e, em particular, a transferência de conceitos e tecnologia gerenciais, a acentuada inspiração e dependência das fontes estrangeiras (autores de referência), o diferimento das publicações que contemplam o conteúdo importado (atraso no tempo), e o reduzido grau de originalidade. Sendo assim, podemos então dizer que na realidade o que ocorre é uma aculturação? É o contato de uma cultura com a outra e a sobreposição de uma cultura sobre a outra?

Essa importação influenciou importantes transformações na Administração Pública e privada brasileira, especialmente a partir da década de 1930 com a instituição do Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP).

A exogenia gera a adoção ou a adaptação ao que vem de fora, provocando o distanciamento de nós mesmos e a submissão ao conteúdo estrangeiro. A submissão ao conteúdo estrangeiro gerou reflexos nos valores que tanto preponderam na formação em gestão contemporânea quanto legitimam os pressupostos fundamentais da Administração Pública gerencial. A adoção de tecnologia ou valores estrangeiros de forma acrítica muitas vezes também mostrou que não sabemos até que ponto importamos ou apenas fazemos de conta.

Referência: 

BERGUE, Sandro Trescastro. Cultura e mudança organizacional / Sandro Trescastro Bergue. – Florianópolis : Departamento de Ciências da Administração / UFSC; [Brasília] : CAPES : UAB, 2010.

domingo, 8 de dezembro de 2013

“Estou preparado para morrer por meu ideal”: o legado de Madiba

Madiba
Madiba

O artigo abaixo é de autoria de Washington Araújo, jornalista, escritor e professor universitário. Araújo mantém o blog Cidadão do Mundo.

Noventa e cinco anos de uma vida bem vivida – assim foi Madiba, nome do clã a que Nelson Mandela pertencia e o nome carinhoso com que sua tribo o chamava.

Madiba transbordou de uma individualidade a mais no luminoso continente africano para se transformar em um dos mais vigorosos apelos para sermos melhores seres humanos, melhores cidadãos, melhores amantes da fraternidade universal e mais apaixonados por ideais como liberdade e justiça.

Madiba entrou na prisão aos 46 anos, em 1964 e foi libertado aos 73 anos, em 1991. Pronunciou contundente discurso de defesa ante o tribunal que o sentenciara. Naquele último dia de liberdade que somente terminaria 27 anos depois, Madiba disse, punho para o alto, mão cerrada: “Eu lutei contra a dominação branca, e lutei contra a dominação negra. Eu cultivei o ideal de uma sociedade democrática e livre, na qual todas as pessoas vivem juntas em harmonia e com oportunidades iguais. Este é um ideal que eu espero viver para alcançar. Mas, se for necessário, é um ideal pelo qual estou preparado para morrer.”

A vida do cidadão do mundo Mandela é singular em diversos aspectos, não é linear, mas cheia de altos e baixos e é muito melhor descrita por tudo o que ele, mesmo podendo ser, decidiu solenemente não ser.

Madiba não buscou fama, mas a fama lhe chegou por sua integridade de alma.

Madiba nunca foi ríspido, grosseiro, descortês, petulante ou arrogante. Ao contrário, mostrou sempre ser uma pessoa afável, amena, e em seu rosto as imagens revelam um sorriso franco, sincero, amigo.

Madiba nunca levantou o braço para bater em outro ser humano, mulher então, nem pensar; idoso, também jamais, e muito menos deu demonstrações de desapreço e menosprezo para com aquela torrente de jornalistas que lhe perseguira nos últimos 30 anos de vida.

Madiba foi digno tanto em seus longos 27 anos de prisão quanto em seus anos como presidente da África do Sul – o poder não o deslumbrou, mas ele soube trazer dignidade ao poder a ponto de ao concluir seu mandato como chefe de Estado continuou sendo aquele que melhor personificava a alma de sua nação.

Madiba não obteve seu reconhecimento como líder autêntico de um povo e nem alcançou essa  condição de rara unanimidade devido à cor de sua pele. Não, Madiba não foi beneficiado com ações afirmativas e, ao contrário, muito sofreu os rigores do odioso racismo, as dores de uma brutal discriminação racial.

Madiba não era aquele tipo de personalidade que, semelhante à mariposa, está sempre em busca dos holofotes midiáticos, sempre pronto para falar de seus feitos, de suas vitórias, de suas conquistas, sejam para si, sejam para seu povo.

Não, Madiba é um dos  maiores ícones do século XX, a par com personalidades como Mahatma Gandhi e o reverendo Martin Luther King Jr.

Madiba não era vingativo e não consta qualquer gesto seu de agressão, e mesmo investido da Suprema Magistratura da África do Sul, não se conhece fato em que haja se empenhado para processar, julgar, condenar, prender seus algozes brancos, algozes também da inteira população de sua pátria, algozes que criaram um dos mais tenebrosos regimes de escravidão jamais registrados na história humana – o famigerado Apartheid.

Aquele regime em que bancos de praças públicas negros não podiam se sentar, ônibus e táxis que podiam ser utilizados apenas por brancos e proibidos para negros, escolas para brancos e fechada aos negros, bebedouros para brancos e assim por diante. Não, Madiba não era vingativo. E nem tripudiava contra aqueles que em algum momento foram por ele considerados como desafetos.

A Madiba vários direitos humanos fundamentais foram negados: não recebeu julgamento justo, continuou discriminado nos muitos anos como presidiário por ser negro, e até mesmo breves gestos de humanidade também lhe foram subtraídos, como a autorização para assistir aos funerais de sua mãe (1968) e depois o de seu filho mais velho (1969).

Em 1993, Madiba e Frederik de Klerk dividiram o Prêmio Nobel da Paz, por seus esforços para trazer a paz ao país. E, desde aquele ano tomou a frente de uma série de articulações políticas que culminaram nas primeiras eleições democráticas e multirraciais do país em 27 de abril de 1994.

O CNA ganhou com 62% dos votos, enquanto o Partido Nacional teve 20%. Com o resultado, Madiba tornou-se o primeiro líder negro do país e também o mais velho, com 75 anos. E, dando vazão ao anseio reprimido por gerações de sul-africanos, sua gestão, iniciada em 10 de maio de 1994 foi marcada por políticas antiapartheid e reformas sociais.

Avesso a homenagens laudatórias, deve ter esboçado um sorriso encabulado ao saber em 2009 que a Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas anunciou que o dia de seu aniversário seria celebrado em todo o mundo como o Dia Internacional de Mandela, uma iniciativa para estimular todos os cidadãos a dedicar 67 minutos a causas sociais – um minuto por ano que ele dedicou a lutar pela igualdade racial e ao fim do apartheid.

Madiba não foi um dos heróis do Pedro Bial em suas patéticas e onipresentes aparições no famigerado Big Brother Brasil.

Madiba não foi capa de revista de Johannesburgo, saudado como salvador da pátria e tendo como fundo a foto de um menino negro pobre e desvalido, destinada a angariar piegas homenagens e baratas emoções.

Madiba, longe de se vangloriar com tamanho reconhecimento mundial – virou até estatua em tamanho natural na Praça do Parlamento, em Londres, coração do imperialismo que ele tanto combateu ao longo de sua existência –, aproveitou sua vida para dignificar a vida dos sofridos, oprimidos e condenados da Terra.

E por isso Madiba permanecerá eterno nas melhores recordações de um tempo em que a presente Ordem mundial demonstrou estar lamentavelmente defeituosa, cheia de rachaduras e incompreensões quanto à verdadeira natureza humana e espiritual da espécie humana.

E quando algum dia décadas vindouras um injustiçado gritar o nome “Madiba!” diversas vozes ecoarão em sua consciência “Presente! Presente! Presente!”

Fonte: <http://www.diariodocentrodomundo.com.br/estou-preparado-para-morrer-por-meu-ideal-o-legado-de-madiba/>


sábado, 7 de dezembro de 2013

Metáfora da vida

O Caderno 

Toquinho

Sou eu que vou seguir você
Do primeiro rabisco
Até o be-a-bá.
Em todos os desenhos
Coloridos vou estar
A casa, a montanha
Duas nuvens no céu
E um sol a sorrir no papel...
Sou eu que vou ser seu colega
Seus problemas ajudar a resolver
Te acompanhar nas provas
Bimestrais, você vai ver
Serei, de você, confidente fiel
Se seu pranto molhar meu papel...
Sou eu que vou ser seu amigo
Vou lhe dar abrigo
Se você quiser
Quando surgirem
Seus primeiros raios de mulher
A vida se abrirá
Num feroz carrossel
E você vai rasgar meu papel...
O que está escrito em mim
Comigo ficará guardado
Se lhe dá prazer
A vida segue sempre em frente
O que se há de fazer...
Só peço, à você
Um favor, se puder
Não me esqueça
Num canto qualquer

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

O professor como prático reflexivo: apontamentos de leitura


Por Ernaldina Sousa Silva Rodrigues

Kenneth M. Zeichener é considerado um dos pensadores mais expressivos na área de formação inicial de professores. Os seus textos têm como foco a realidade dos Estados Unidos, mas vão além da realidade americana. É natural da Filadélfia e tem um longo percurso e experiência no ensino e na formação de professores. Nessa trajetória, foi professor do ensino básico, dirigiu programas de preparação de professores e um centro de ensino urbano. É diretor do programa de formação de professores da Universidade de Wisconsin-Madison.

Como os professores aprendem a ensinar? Como ajudar os professores a aprenderem a ensinar? Essas indagações constituem o problema de investigação de Zeichner. Para dar conta dessas questões, o autor começa a refletir sua própria prática enquanto formador de professores juntamente com outros colegas.

Zeichner aponta a problematização da prática como primeiro passo para o processo de reflexão. Afirma as suas crenças nos professores que têm consciência de seus objetivos e discorre sobre os seus esforços em promover a causa da profissionalização dos professores.

O que é este movimento da prática reflexiva e qual a razão do seu aparecimento? Pergunta o autor. Os termos prático reflexivo e ensino reflexivo tornaram-se slogans da reforma do ensino e da formação de professores por todo o mundo na última década. As razões decorrem da Racionalidade Técnica que tem o professor como técnico, passivo e limitado. A produção do conhecimento sobre o ensino de qualidade é feita pelas universidades que ignoram os conhecimentos e a experiência dos professores.

O professor como prático reflexivo é aquele que reflete sua própria experiência e reconhece que o processo de aprender a ensinar se prolonga durante sua carreira. Os programas de formação de professores podem preparar os professores para começarem a ensinar e ajudá-los a interiorizarem, durante a formação inicial, o estudo da maneira de como ensinam para melhorarem com o tempo e assumirem a responsabilidade pelo seu próprio desenvolvimento profissional.

Baseado na concepção de John Dewey sobre o ato humano e nas atitudes necessárias para a ação reflexiva: a abertura de espírito, responsabilidade e sinceridade, e no conceito de Donald Schön de que reflexão é “um processo que ocorre antes e depois da ação e, em certa medida, durante a ação, Zeichner enfatiza a reflexão como um processo e prática social. Ensino reflexivo como o ato dos professores criticarem e desenvolverem suas teorias práticas à medida que refletem sozinhos e em conjunto na e sobre a ação acerca do seu ensino e das condições sociais que modelam as suas experiências de ensino.

Zeichner traça as características que minam a emancipação dos professores nos programas de formação criando a ilusão da reflexão e descreve as tradições históricas da prática reflexiva.

O autor dar ênfase à prática de ensino reflexivo baseada na atenção do professor para dentro, para sua própria prática, como para fora, para as condições sociais que permeiam essa prática. Nesse ponto, o pensamento de Zeichner se diferencia de Schön que enfatiza a reflexão do professor para dentro, tácita. O autor vai além dizendo que a prática reflexiva é democrática, emancipatória e tem um compromisso com a reflexão enquanto prática social. Esses princípios, segundo Zeichner, constituem o conceito de professor como prático reflexivo.

Zeichner alarga a reflexão sobre o ensino prático reflexivo e nos instiga a vivenciar essa prática. Situa a prática educativa dentro de um contexto que envolve pesquisa, reflexão pessoal, social, política, dentre outras. Ensinar exige consciência de nós mesmos, do outro e das circunstâncias que nos cercam.
Como praticar esse ensino reflexivo dentro de uma realidade permeada totalmente pela racionalidade técnica? Essa reflexão e construção prática e teórica do saber, do conhecimento do professor bate de frente com a cultura do aluno, da escola e de todo o sistema educacional. Mas, é como a história do beija-flor: cada um fazendo a sua parte para se juntar ao todo.

Referência:

ZEICHNER, K.M. O professor como prático reflexivo. In: __________ A formação reflexiva dos professores: idéias e práticas. Lisboa, Educa, 1993, p. 13-28.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Preparando os Profissionais para as Demandas da prática e Ensinando o Talento Artístico Através da Reflexão-na-Ação: apontamentos de leitura

Por Ernaldina Sousa Silva Rodrigues

Os textos: Preparando os Profissionais para as Demandas da prática e Ensinando o Talento Artístico Através da Reflexão-na-Ação são capítulos do livro Educando o Professor Reflexivo de Donald Schön.

Donald Schön foi Professor de Estudos Urbanos e Educação no Instituto de Tecnologia de Massachusets. Formou-se em Filosofia em 1951, na Universidade de Gale, é mestre (1952) e Ph.D. (1955) em Filosofia pela Universidade de Harvard.

Schön, crítico da Racionalidade Técnica, não foi um pesquisador preocupado com o professor. Trabalhava no Instituto Tecnológico de Massachusets. Frequentava reuniões de arquitetos e começou a observar como os profissionais resolviam seus problemas técnicos.

Partindo da crise de confiança no conhecimento e na educação profissional, instala-se o dilema entre a racionalidade técnica e a relevância de se considerar as zonas indeterminadas da prática.

O autor ressalta a distância existente entre a concepção do conhecimento profissional dominante nas escolas e as atuais competências exigidas dos profissionais no campo de aplicação. O currículo profissional não é capaz de preparar os estudantes para a atuação competente em zonas incertas da prática. Toda situação prática é incerta, conflituosa. Ela não se encaixa na previsibilidade que a racionalidade técnica impõe. Não existe teoria que dê conta dos problemas da escola.

A questão é: os conceitos dominantes da educação profissional poderão construir um currículo adequado aos universos complexos, instáveis, incertos e conflituosos da prática?

Baseada na distância existente entre faculdade e local de trabalho, entre pesquisa e prática, a crise de confiança nas profissões e suas escolas está enraizada na epistemologia dominante.

Com que competência, então, os profissionais dão conta de zonas indeterminadas da prática na questão do relacionamento entre competência profissional e conhecimento profissional?

O autor aponta o “talento artístico” como inerente à prática dos profissionais. Então, como se manifesta o talento artístico profissional? Como as pessoas o adquirem para lidar com as zonas indeterminadas da prática?

No Capítulo 2, o autor parte do ateliê de projetos de arquitetura para tratar de temas sobre a atividade de projeto como uma forma de talento artístico; tarefas e dilemas fundamentais de um ateliê de projetos; diálogo entre estudante e instrutor; formas de diálogo; instrutor e estudante como praticantes do conhecimento profissional;, instrução do talento artístico e os obstáculos da aprendizagem. Esboça, assim, as principais características de um ensino prático reflexivo, aplicável à educação, para o talento artístico em outras profissões.

O “talento artístico” profissional refere-se aos tipos de competência de conhecer-na-ação e de reflexão na ação.

O conhecer-na-ação é um tipo de conhecimento tácito e espontâneo, sem deliberação consciente. Na ação, as situações se apresentam de forma inesperada, gerando a surpresa. Essa surpresa leva à reflexão dentro do presente-da-ação. A reflexão é consciente, ainda que não precise ocorrer por meio de palavras. A reflexão-na-ação surge, então, por meio de situações surpresas e inesperadas e tem uma função crítica, questionando a estrutura de pressupostos de conhecer-na-ação. A reflexão-na-ação tem uma imediata significação para a ação.

O conhecer-na-ação e a reflexão-na-ação fazem parte de um processo que pode ser desenvolvido sem que se precise dizer que se está fazendo.

Nesse processo, o profissional desenvolve o talento artístico reflexivo, construindo o ensino prático reflexivo.

Para Schön, ficou muito claro que o bom profissional, os grandes arquitetos, não usavam os pacotinhos fechados do conhecimento, mas usavam certos conhecimentos teóricos para resolver a situação. O diálogo com a situação é que dava condições para a resolução do problema. As situações singularizadas são incertas, inseguras e únicas.

Os textos em si desenvolvem uma visão geral do “ensino prático reflexivo” voltado para ajudar os estudantes a adquirirem os tipos de talento artístico, conhecer-na-ação e reflexão-na-ação, essenciais para a competência em zonas indeterminadas da prática. O autor argumenta que as escolas profissionais devem repensar tanto a epistemologia da prática quanto os pressupostos pedagógicos sobre as quais seus currículos estão baseados e devem adaptar suas instituições para acomodar o ensino prático reflexivo como um elemento-chave da educação profissional.

Os estudos de Schön valorizam o conhecimento tácito do profissional, fazendo-o refletir sobre o por quê ensina como ensina. Ressalta a necessidade de se resgatar o aspecto intuitivo do profissional quando enfrenta situações conflituosas e incertas.

As contribuições de Schön baseiam-se em desenvolver uma crítica ao modelo da racionalidade técnica e uma reflexão sobre a racionalidade prática.

Com esses estudos, Schön nos convida a desenvolver e a aprofundar, de forma crítica, a construção do conhecimento de nossa área de atuação.

Referência:

SCHÖN, Donald A . Preparando os Profissionais para as Demandas da prática e Ensinando o Talento Artístico Através da Reflexão-na-Ação. In: _______. Educando o Profissional Reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem. Porto Alegre, Artmed Editora, 2000, caps. 1 e 2.



terça-feira, 19 de novembro de 2013

Dieta para gripe

"Tem dieta para gripe?
Tem: comida de gripe é aquela velha canja tradicional brasileira que veio da China e da Índia junto com os marinheiros, nas caravelas. O arroz, branco ou integral, deve ser cozido em bastante água por 3 horas, no mínimo. Quanto mais cozinhar, melhor fica. Se galinha caipira houver, cozinhar junto até ela desmanchar. Temperar com alho, cebola, aipo, alho-poró, pimenta, azeite extravirgem, pouco sal ou shoyu, salsinha, hortelã. Tomar só essa canja quando der vontade, com ou sem galinha, até melhorar. 

Quente ou frio?
Ao perceber um resfriado chegando – mal-estar, dor de cabeça, moleza, espirro – é bom saber se ele é frio ou quente. O quente se trata com chás de natureza fresca, o frio com os de natureza morna.
frescos: assa-peixe, tanchagem, hortelã, poejo, camomila, raiz-de-lótus fresca 
mornos: canela, cravo, feno-grego, funcho, cominho, alho, raiz-de-lótus seca, cúrcuma, alecrim, gengibre fresco.

Gripe quente
Quando a vítima está muito seca, queixando-se de calor e com catarro grosso, vai se sentir melhor bebendo água fresca com gotas de limão, aos golinhos, ou chá de hortelã com 1 colherinha de mel. Não deve comer nada assado ou frito, só caldos e canja. 

Gripe fria
Quem tem sintomas de frio não deveria comer frutas e vegetais crus, só cozidos. Comida quente aquece a digestão. Digerir bem é essencial para aquecer o corpo e reduzir o muco. 

De onde vem o muco?
O que escorre do nariz e vira catarro é um excesso que o corpo está eliminando. Tem a ver com descuidos alimentares, má digestão, comida imprópria, toxinas. Também tem a ver com cansaço, portanto... descanse! 

Ele derrete!
Ingrid Naiman, em www.kitchendoctor.com, conta que aprendeu a entender o muco como uma cera que congestiona, pressiona, inflama, dói – mas derrete quando lhe damos fogo, por exemplo nos caldos apimentados e chás de ervas e especiarias quentes. 

Mel é bom?
O mel ajuda a dissolver catarro. Dois bons xaropes: cebola com mel e abacaxi com mel. Cortar em rodelas, cobrir com mel, deixar uma noite, tomar de colherinha. Dose máxima de mel por dia: 4 a 5 colherinhas (chá). 

Lavar o nariz
com água morna salgada, 2 a 3 vezes por dia, usando um conta-gotas ou similar, elimina micróbios que complicam resfriados, gripes, sinusites, etc. Medida: 1 colher (chá) de sal em um copo de água morna. 

Inalação é bom?
Só se o clima estiver seco, explica Carla Saboya. Em clima úmido, considera mais eficiente queimar folhas secas de capim-limão pela casa, soltando a fumaça nos cantos e até dentro dos armários."

Fonte: Transcrito de <http://correcotia.com/atchim/> em 18 nov. 2013.



terça-feira, 12 de novembro de 2013

Um toque de Clássicos: apontamentos de leitura


Por Ernaldina Sousa Silva Rodrigues

Karl Marx (1818-1883) pertence ao grupo dos clássicos do pensamento sociológico juntamente com Émile Durkheim e Max Weber. Formulou teorias sobre a vida social e analisou a sociedade capitalista. Acreditava que a razão era um instrumento de apreensão e entendimento da realidade e de construção de um mundo mais justo.

O texto 'Introdução', do livro 'Um toque de Clássicos', sintetiza os fundamentos conceituais e metodológicos da teoria social contida na obra de Marx.

Marx parte do significado da dialética de Hegel de forma invertida. Se para Hegel é o pensamento que cria a realidade manifestada exteriormente pela ideia; para Marx, é o mundo material que cria a realidade por meio da contradição vivida entre os homens em condições históricas e sociais reais. A dialética, segundo Marx, é o método de análise da vida social, econômica, política e intelectual que deve ser feita do estudo dos fatos concretos, a fim de expor a vida real. Dessa forma, as autoras Oliveira e Quintaneiro (2002),comparam o materialismo histórico com o  idealismo hegeliano.

No idealismo hegeliano, a história da humanidade é a historia do espírito. Para Marx, o ponto de partida são os indivíduos reais, a sua ação e as suas condições de existência.

A base de todas as relações entre os homens se estabelece por meio das relações materiais e o modo como produzem seus meios de vida. Essa análise fundamenta o materialismo histórico.

A natureza é o meio onde os homens buscam suprir suas necessidades. A produção e a reprodução da vida se dão por meio do trabalho tido como principal atividade humana que constitui a história do homem.

Forças produtivas referem-se aos instrumentos e habilidades que possibilitam o controle das condições naturais em que os homens se encontram. As relações sociais de produção implicam em como os homens se organizam socialmente para produzir, distribuir e se apropriarem dos meios de produção. As relações sociais são produzidas pelos homens e estão ligadas às forças produtivas.

O conjunto das forças produtivas e das relações sociais, a base econômica, forma a infraestrutura de uma sociedade. A super-estrutura ou supra-estrutura é construída pelo nível político-ideológico e está condicionada pelo modo como os homens estão organizados no processo produtivo.

Marx explica as lutas de classes na sua estrutura e forma, demonstrando que a existência das classes está unida apenas a determinadas fases históricas do desenvolvimento da produção; que a luta de classes conduz à ditadura do proletariado; que a abolição de todas as classes para uma sociedade sem classes se fará por meio do proletariado. Portanto, a classe explorada, que é o proletariado, impulsionará a mudança estrutural da sociedade.

O aparecimento das classes sociais vincula-se ao surgimento de um excedente de produção que possibilita a apropriação privada das condições de produção e da divisão social do trabalho. As classes vinculam-se às relações de produção e constituem o nível de estrutura de uma sociedade.

A classe revolucionária, os grupos explorados, a classe oprimida socialmente, o proletariado constituem a maior força produtiva, segundo Marx. A partir do momento que a classe revolucionária se organizar e se apropriar das forças produtivas, dar-se-á a conquista do poder e a revolução social.

Para analisar a sociedade capitalista, parte-se da mercadoria tendo um valor de uso e um valor de troca definidos por meio do caráter social das necessidades, do nível de cooperação, dentre outros. O trabalhador vende sua força de trabalho como uma mercadoria para o capital. Uma parte do valor, apropriado sob a forma de trabalho excedente passa a ser trabalho não pago e passa a integrar o capital. O tempo de trabalho excedente é a mais valia e representa a exploração da força de trabalho pelo capital, segundo Marx.

A burguesia teve um papel revolucionário nos instrumentos de produção e nas relações sociais, impulsionando a livre concorrência e a dominação econômica e política da classe burguesa, desde a sociedade feudal onde se originou.

Com essa dominação, surgiram as classes da burguesia e do proletariado. Para eliminar as condições de apropriação e concentração dos meios de produção na classe burguesa, funda-se a sociedade sobre uma nova forma de organização social. Numa fase transitória, essa forma seria uma ditadura do proletariado. Ao realizar as condições propostas, a sociedade seria comunista.

A dominação da burguesia é tão exacerbada que o trabalhador tem o trabalho como meio de sobrevivência e um sacrifício de sua vida. A alienação está na organização social da produção. O poder social é percebido como uma força alheia.

Com a sociedade comunista, o conflito entre homem e natureza e entre homem e homem se resolveriam, haveria a reconstrução consciente da sociedade humana e iniciaria uma nova vida social.

Nas conclusões, as autoras discorrem sobre a complexidade do objeto que o marxismo procura analisar e apresentam o resultado dessas análises.

OLIVEIRA, M.G.M. E QUINTANEIRO, T. Karl Marx – Introdução. In: Quintaneiro, T; Barbosa, M. L. e Oliveira, M. G. M. (Orgs.). Um toque de Clássicos. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2002, p. 27-66.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Curso de Filosofia Positiva: apontamentos de leitura


Por Ernaldina Sousa Silva Rodrigues

Antes do advento da máquina a vapor, o homem usava a energia natural. Com o surgimento da máquina a vapor, a humanidade sofreu alterações cruciais como as que ocorreram com a Revolução Industrial no Século XVIII. Nessa época, fervilhavam as ideias em torno do cientificismo, tendo a ciência como a única fonte de conhecimento possível e o método das ciências da natureza o único válido. Nesse contexto, Auguste Comte (1798-1857), francês, desenvolveu o seu pensamento positivista. Os positivistas reduzem o trabalho da filosofia à mera síntese dos resultados das diversas ciências particulares. O aparecimento dos positivistas deveu-se a crítica feita por Immanuel Kant, filósofo alemão, à metafísica na Crítica da razão pura juntamente com os idealistas. Comte é considerado o fundador da sociologia como ciência.

O Curso de Filosofia Positiva, de autoria de Comte, divide-se em duas lições. Cada lição conta com um sumário que favorece uma visão panorâmica sobre os temas tratados.

A primeira trata da finalidade do curso.  O autor explica a evolução histórica do espírito humano, da humanidade da filosofia com a teoria dos três estados sucessivos: o estado teológico ou fictício, ligado aos mitos, às crenças, aos deuses e à religião. O estado ou sistema metafísico, destinado a servir de transição, de explicar o modo de geração dos fenômenos,  onde o espírito humano é movido por força abstratas, personificadas, verdadeiras entidades inerentes aos diversos seres do mundo. O estado positivo, o espírito humano é fixo e definitivo, preocupa-se em descobrir suas leis efetivas e a saber suas relações invariáveis de sucessão e de similitude.

Exalta o estado positivo como fundamental na idade viril ou madura do espírito humano, desprezando o teológico e o metafísico. A filosofia positiva é o verdadeiro estado definitivo da inteligência humana, porque possibilita a observação e a formação de teorias reais. Todos os fenômenos são tomados como sujeito a leis naturais invariáveis. Nesse estado, a filosofia positiva apenas descreve os fenômenos, sem explicá-los. Se tais explicações ocorressem, cairia na visão teológica e metafísica.

Comte ressalta a divisão do trabalho intelectual como sendo um dos atributos da filosofia positiva por ser a base da organização do mundo do trabalho dos cientistas e a sistematização das ciências. Para o aperfeiçoamento dessa divisão, forma-se uma seção sobre o estudo das generalidades científicas controlada por uma classe distinta de novos cientistas.

O estudo da filosofia positiva tem a vantagem, segundo Comte, de tornar-se racional as leis lógicas do espírito humano. Recusa a introspecção e critica o método subjetivo empregado na psicologia como ilusório, permeado pela abstração das causas e dos efeitos, sem tese lógica, baseado em sonhos e impossibilitado de promover a observação dos fenômenos intelectuais.

O método positivo consiste na observação e na produção de um conhecimento nítido e profundo das investigações, manifestado pela experiência das leis.

Na visão do autor, a reforma geral do sistema de educação consiste em substituir a educação europeia, impregnada pela teologia, metafísica e a literatura, pela educação positiva. A essa reorganização educacional e racional, seria acrescentado o estudo das generalidades científicas, sucedendo à educação geral.

Extremamente pretensioso no pensar, Comte considera a filosofia positiva como a única base sólida capaz da reorganização social frente à desordem causada pelas filosofias teológicas e metafísica.

Com o termo “ Nada mais resta”, Comte reduz a filosofia a um único corpo de doutrina homogênea, à síntese de resultados das ciências específicas, ao fato positivo. A filosofia positiva seria a redentora da sociedade frente à crise revolucionária. Sendo assim, a filosofia de Comte restabeleceria a ordem na sociedade.

Na Segunda Lição do Curso, o autor expõe o plano, a classificação racional das ciências positivas. A classificação das ciências propostas até aquele momento tinham fracassado pela incompetência dos filósofos e pelo caráter prematuro de suas tentativas. Diante disso, as circunstâncias seriam favoráveis ao positivismo, tendo os filósofos da área de botânica e zoologia dado o suporte ao modelo das classificações provindas do próprio estudo dos objetos a serem classificados. O princípio é classificar os objetos, após a observação, eliminando as considerações a priori. Distingue os conhecimentos teóricos e práticos. A filosofia deve considerar os conhecimentos das teorias científicas, da pesquisa teórica e desconsiderar a prática ou as ciências particulares. Sendo qualquer classificação das ciências necessariamente artificial, a obrigação do filósofo seria combinar a exposição histórica com a exposição dogmática. O importante seria o conhecimento da história das ciências.

Comte divide as ciências naturais em Física inorgânica ou corpos brutos e física orgânica ou  corpos organizados. Em seguida, o autor faz um resumo da classificação das ciências, sendo a matemática, a astronomia, a física, a química, a filosofia e a física social. Explica as propriedades dessa classificação, especificando os aspectos históricos das ciências.

O Curso Filosofia Positiva é uma obra clássica e Comte postula o fundamento de uma doutrina positivista. Formulou a lei dos três estados, promoveu a classificação das Ciências e fundou a sociologia. O positivismo despreza a sensibilidade, o sentimento, a introspecção. Ressalta e prima pelo que é observável, que pode ser medido, que produza resultados palpáveis. Na realidade, Comte faz uma apologia à filosofia positiva, tida como a verdadeira e salvadora da humanidade. Tudo está reduzido ao conhecimento científico.

Nossa realidade tem ranços da filosofia positiva.

COMTE, Auguste. Curso de Filosofia Positiva. In: Os Pensadores. São Paulo: Ed. Abril, 1978, p. 1-39.